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Sala Lisboa

O Infante D. Henrique e os Descobrimentos Portugueses
O Infante D. Henrique e os Descobrimentos Portugueses (pormenor), Lino António, 1925, Carlos Pombo, 2005.

A Sala Lisboa é também chamada de Sala Lino António, nome do autor das pinturas a óleo sobre tela que a decoram. Executadas entre 1922 e 1925, elas formam uma espécie de friso historiado, com cerca de meio metro de altura junto ao teto, decorando as quatro paredes com ilustrações alusivas a quatro épocas da História de Portugal e seus quatro principais mentores: na parede em frente à porta foi representada uma batalha onde se confrontam o exército português, comandado pelo rei, e as tropas mouras, saindo de um castelo; na parede oposta foi representado o Marquês de Pombal segurando os projetos da reconstrução de Lisboa, tendo, à direita, cenas de exportação de vinho e tecelagem, e, à esquerda, uma cena de vindima e de fabrico de vidro; na parede à direita pode ver-se outro rei medieval, segurando um livro, acompanhado por um jogral e um galgo (em alusão à caça), vendo-se, à direita, a representação de uma aula lecionada por um professor na cátedra, e, à esquerda, uma cena agrícola; na parede da esquerda foi pintado o Infante D. Henrique com uma carta de marear, à sua esquerda a colocação de um padrão na costa africana e, à sua direita, Vasco da Gama sendo recebido pelo Samorim de Calecute.

Desconhecendo-se o conteúdo programático da encomenda, a identificação das pinturas tem suscitado diversas interpretações, sendo, porém, consensual o reconhecimento iconográfico das figuras do Infante D. Henrique e do Marquês de Pombal, ligadas, respetivamente, aos seus feitos nos Descobrimentos e na reconstrução da cidade de Lisboa após o terramoto de 1755.

A proposta de identificação para as restantes figuras representadas é, no primeiro caso, o rei D. Afonso Henriques conquistando Lisboa aos mouros em 1147 e, para a outra, o rei D. Dinis promovendo os Estudos Gerais e a agricultura.

Identificam-se da seguinte forma as quatro pinturas:

- Conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques (1147), assinado por Lino António e datado de 1922 - até agora interpretada como a Batalha de São Mamede (realizada em 1128 entre D. Afonso Henriques e partidários de sua mãe, D. Teresa). Parece-nos que o castelo representado pode ser o de Lisboa e que as hordas que dele saem poderão ser mouras, pelos seus trajos brancos com turbante;

- D. Dinis, assinado por Lino António e datado de 1923 - até agora identificada como uma alegoria à Agricultura e às Cortes da Nação. Porém, a figura central, coroada, poderá ser identificada com o Rei D. Dinis, o livro que segura pode simbolizar a poesia que escreveu, o edifício escolar à direita poderá aludir à sua criação da primeira Universidade portuguesa, também chamada de Estudo Geral, no ano de 1290, em Lisboa, e a cena agrícola à esquerda poderá refletir a sua promoção da agricultura, que lhe valeu o cognome de O Lavrador;

- O Infante D. Henrique e os Descobrimentos Portugueses, assinada por Lino António e datada de 1925 - no eixo central da composição está a figura do Infante D. Henrique, propulsor dos Descobrimentos, em frente a uma caravela que partiu do cais de Lisboa, surgindo, à esquerda, as terras de Vera Cruz (alusão ao descobrimento do Brasil, em 1500, identificado pelos índios nativos) onde Pedro Álvares Cabral coloca o padrão, e, à direita, a cena da receção de Vasco da Gama pelo Rei de Calecute (alusão ao descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia, em 1498);

O Marquês de Pombal e suas Obras, assinado por Lino António e datado de 1924 - estão representadas as três principais obras deste ministro do Rei D. José: os projetos para a reconstrução da cidade de Lisboa - após o terramoto de 1755 - a plantação das vinhas do Alto Douro e a produção do vinho do Porto (representada pela cena de vindima à esquerda), e as Criações da indústria vidreira e da Fábrica de Tapeçarias de Tavira (representadas à direita).

Com esta proposta de identificação, o conjunto das pinturas adquire um sentido global, estabelecendo-se um diálogo de épocas históricas entre a reconquista cristã de Lisboa, a criação da Universidade em Lisboa, os Descobrimentos feitos a partir do cais de Lisboa e a reconstrução da mesma cidade. Assim poderá ser explicada a denominação do espaço como Sala Lisboa.

Na parede da lareira encontra-se incrustado um relógio de mármore, decorado com as quinas do escudo nacional, com mostrador incorporado e uma máquina francesa, fabricado nos anos 40 do século XX.

Atualmente, a Sala Lisboa serve de gabinete de trabalho de um grupo parlamentar.

Sala Lisboa nos anos 40
A Sala Lisboa nos anos 40 do século XX (Gabinete do Presidente da Assembleia Nacional), Bertrand & Irmãos.

 

Sala Lisboa nos anos 40
A Sala Lisboa nos anos 40 do século XX (Gabinete do Presidente da Assembleia Nacional), Bertrand & Irmãos.

 

Sala Lisboa
Sala Lisboa | Pintura Conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques (1147) e lareira com relógio decorado com as quinas do escudo nacional, Eduardo Gageiro, 1999.

 

Sala Lisboa
Sala Lisboa, Eduardo Gageiro, 1999.