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Mensagem de Pesar do Presidente da Assembleia da República pelo falecimento do Papa Francisco

​​​A notícia da morte do Papa Francisco deixa-me profundamente triste. Os seus doze anos de pontificado foram, para a Igreja e para o mundo, um decisivo testemunho e um apelo convicto à fraternidade, à paz e à misericórdia.

Desde o primeiro dia, o Papa Francisco chamou-nos a acreditar, com a sua desarmante e profética simplicidade, que um outro mundo era possível. As suas encíclicas sociais e ecológicas trouxeram ao centro do debate público mundial conceitos como a amizade social e a ecologia integral. Convidou-nos a uma relação mais justa com o mundo criado e com a tecnologia, e apelou à convivência entre gerações e à valorização das culturas, como formas de redescobrir a inteireza da experiência humana, num tempo tão permeável aos riscos do materialismo.

Apoiou, com palavras e gestos, os refugiados de guerra e defendeu convictamente a paz, convidando sempre à responsabilidade dos agentes políticos. Dizia com frequência que “não vivemos uma época de mudanças, mas uma mudança de época" e encarava o futuro com uma esperança realista e responsável. Sustentava também que a política é “a mais alta forma de caridade".

Afirmando, provocadoramente, que o mundo enfrenta “uma guerra mundial em pedaços", colocou-se sempre numa posição de defesa da paz e da dignidade da vida humana, tendo sido responsável por uma revisão do Catecismo da Igreja Católica que condenou a pena de morte em todas as circunstâncias.

Recordamos todos o modo como atravessou, com solitária decisão, a praça de São Pedro vazia, para declarar, no ponto mais dramático da pandemia de COVID-19, que “ninguém se salva sozinho".

Fez 47 viagens apostólicas fora de Itália, a 67 países, e esteve em todos os continentes habitáveis. Por duas vezes, visitou Portugal: em 2017, para o centenário das Aparições de Fátima, e em 2023, para a XXXVII Jornada Mundial da Juventude. Nesta segunda ocasião, disse aos responsáveis políticos: “Sonho uma Europa, coração do Ocidente, que use o seu engenho para apagar focos de guerra e acender luzes de esperança; uma Europa que saiba reencontrar o seu ânimo jovem, sonhando a grandeza do conjunto e indo além das necessidades imediatas; uma Europa que inclua povos e pessoas com a sua própria cultura, sem correr atrás de teorias e colonizações ideológicas".

Enquanto Presidente da Assembleia da República e enquanto católico, sinto profunda tristeza que o mundo perca a voz do Papa Francisco. A melhor homenagem que podemos prestar é garantir que as suas palavras e as suas ações continuam a ser um exemplo.​​

21.04.2025