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10.09.2021 |  Mensagem de pesar do Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, pelo falecimento de Jorge Sampaio

Com profunda tristeza e sentimento de enorme perda, recebi a notícia do falecimento de Jorge Sampaio.

Se perdi hoje um amigo de longa data, com quem tive o privilégio de partilhar sucessos e insucessos nesta constante luta pela Liberdade e pela Democracia, Portugal perdeu um dos seus mais prestigiados cidadãos, que sempre serviu o seu país com distinção e honra.

Imbuído de valores humanistas, de uma visão progressista e de um forte dever cívico, Jorge Sampaio cedo entrou em confronto com o regime repressivo então vigente. Antifascista convicto, participou ativamente na crise académica de 1962, foi candidato nas listas da oposição democrática da CDE, em 1969, e, já como advogado, assumiu, corajosamente, a defesa de inúmeros presos políticos no Tribunal Plenário da ditadura.

Após o 25 de Abril de 1974, Jorge Sampaio foi um dos principais impulsionadores do Movimento de Esquerda Socialista (MES), que deixou no congresso fundador, antes de aderir ao Partido Socialista.

Ao longo da sua notável carreira, Jorge Sampaio foi Presidente da República, em dois mandatos, Secretário-Geral do Partido Socialista, Deputado à Assembleia da República, líder do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, membro da Comissão Europeia dos Direitos do Homem no Conselho da Europa. Foi também Conselheiro de Estado, na sua qualidade de antigo Presidente da República.

No plano internacional, foi designado Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para a Luta Contra a Tuberculose e Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações. Ainda no âmbito internacional, fundou a Plataforma Global de Assistência Académica a Estudantes Sírios, tendo como parceiros institucionais o Conselho da Europa, a Liga dos Estados Árabes, a Organização Internacional das Migrações e o Instituto de Educação Internacional.

Pela forma íntegra e empenhada como exerceu todas estas funções, granjeou enorme respeito e admiração, tanto interna como internacionalmente.

Jorge Sampaio foi um socialista dos valores humanitário e da justiça social, para quem "a solidariedade não é facultativa, mas um dever que resulta do artigo 1.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos", como nos deixou escrito.

Dotado de grande inteligência, vasta cultura e de um fino sentido de humor, Jorge Sampaio manteve uma constante intervenção político-cultural, nomeadamente em artigos e textos publicados em jornais e revistas.

No momento do seu desaparecimento, é justo render-lhe sentida homenagem, recordando-o como um grande advogado, um grande político, um enorme ser humano e um dos melhores servidores da causa pública da sua geração.

"O homem é, por essência, alguém que vive dos sonhos maiores do que ele", nas palavras de Eduardo Lourenço, outro grande português que partilhou com Jorge Sampaio a mesa do Conselho de Estado. Jorge Sampaio sonhou, lutou e  concretizou muitos dos sonhos maiores dos portugueses. Obrigado, Jorge Sampaio.

À sua Família, e, muito em especial, à sua mulher, Maria José Ritta, e filhos, Vera e André, manifesto o meu profundo pesar, transmitindo, em meu nome e em nome da Assembleia da República, as mais sentidas condolências.

Eduardo Ferro Rodrigues

Presidente da Assembleia da República


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