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Trípticos "A defesa da pátria" e "A prosperidade da Nação"


Tríptico "A defesa da pátria" da autoria de Martins Barata.



Tríptico "A prosperidade da nação" da autoria de Martins Barata.


Ambos os painéis denunciam um conteúdo programático de caráter ideológico marcado pelos valores do nacionalismo, da religião e da tradição típicos da "política de realizações" do Estado Novo, configurada na campanha de António Ferro e baseada no ideário restaurador de Oliveira Salazar.

Com efeito, tal como foi referido no jornal O Século Ilustrado, dando notícia da inauguração da obra pelo general Carmona (1944), pretendia-se que este conjunto pictórico funcionasse como um panfleto propagandístico da "síntese de uma Pátria" construída pelo povo, a "gente nossa, nossos avós remotos e nossos irmãos de agora", "caminhando através dos séculos", sendo salientada a idealização etnográfica das virtualidades populares.

Para reforçar a dimensão de pintura de história e o imperativo tradicionalista,  os painéis foram concebidos num revivalismo goticizante, inspirado no então ex-libris da pintura nacional - os Painéis de São Vicente de Fora, da autoria de Nuno Gonçalves -, o que se reflete apenas ao nível do adensamento da composição, do hieratismo e volumetria formais, bem como da estilização do desenho, embora denunciando uma incompreensão da complexidade e mestria compositiva, formal e cromática da obra quatrocentista. Feitos com base em numerosos estudos e esquissos que não resolveram o problema da articulação dos espaços pictóricos, a estes novos painéis faltou essencialmente o caráter genuíno dos primeiros e sobrou o desajustamento estético em relação ao modernismo das obras contemporâneas.