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O feminismo na indústria portuguesa (1897)


O feminismo na indústria portuguesa

PEREIRA, J. M. Esteves – O feminismo na industria portugueza. Lisboa : Companhia Nacional Editora, 1897. 61 p. Cota: 28/1897

Em 1848, numa pequena vila dos Estados Unidos, nasceu o feminismo como movimento coletivista. Embora se assinalem manifestações do feminismo na Revolução Francesa (em 1791 com Olympe de Gouges, pseudónimo de Marie-Olympe Gouze, que redigiu a Declaração dos direitos da mulher e da cidadã) e em Inglaterra (em 1792 com Mary Wollstonecraft, que publicou o livro A vindication of the rights of women), é na segunda metade do século XIX que o movimento feminista marca o seu início na História.

Em Portugal, a emancipação feminina também se fez sentir e provocou reações, sendo vista como «um problema social dos mais intricados».

Esta obra de 1897 apresenta a visão que se tinha da mulher. O autor argumenta que «a emancipação feminina não pode em absoluto ser conferida pela instrução, porque a cultura mental do homem está tão adiantada que, em regra, a mulher ficará sempre em atraso, em manifesta inferioridade», pois «a ideia da emancipação feminina pertence ao grupo das ideias menos viáveis e práticas».

É proposto que a redenção da mulher seja na indústria; no exercício da indústria educativa e das indústrias caseiras, justificando que «a indústria é um estádio que lhe há de servir para o desenvolvimento e apuro das suas faculdades, porque a Ciência não é outra coisa mais do que a indústria aplicada à inteligência».

Utilizando o argumento da indústria caseira como desenvolvimento e instrução, o autor sublinha que a mulher deve ser uma boa dona de casa e que deve «ganhar a vida sem sair de casa, sem abandonar o lar, nem a família, eis o verdadeiro ideal que a mulher deve ter em mira».

Todas estas opiniões e argumentos são apresentados neste exemplar de 1897, pertencente ao acervo da Biblioteca Passos Manuel, representando a mentalidade da época acerca das mulheres e veiculando a ideia de que estas devido à suas características físicas não poderiam emancipar-se, obter a sua independência e alcançar direitos iguais aos dos homens.

João Manuel Esteves Pereira (1872-1944), historiógrafo, cronista e escritor.

Nascido no ano de 1872 em Santos-o-Velho, adquiriu formação escolar na Academia de Belas-Artes de Lisboa, no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, tendo concluído em 1896 o Curso Superior de Letras. Publicou numerosos trabalhos, interessando-se, em especial, pela história da indústria. Colaborou na revista O Ocidente e no diário A Palavra. Foi amanuense na secretaria da Junta do Crédito Público. Desempenhou funções de Secretário de Estado do Ministro do Comércio e Comunicações, António Joaquim Ferreira da Fonseca, no governo presidido pelo capitão Álvaro Xavier de Castro. Foi professor de História das Indústrias no Instituto 19 de Setembro. Juntamente com Guilherme Rodrigues, foi co-autor da obra Portugal: diccionario historico, chorographico, biographico, bibliographico, heraldico, numismatico e artístico.

Morreu em Lisboa no ano de 1944.

O exemplar presente na coleção da Biblioteca Passos Manuel, está disponível em cópia digital.