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História

Discurso da Coroa e trabalhos preparatórios da Resposta ao Discurso da Coroa
Discurso da Coroa e trabalhos preparatórios da Resposta ao Discurso da Coroa (pormenor), 11 de março de 1910.

Bicentenário do Arquivo Parlamentar

Sendo 2021 o ano em que se comemora os 200 anos do início da Monarquia Constitucional e o ano da convocação das primeiras Cortes Constituintes, antecessoras da atual Assembleia da República, e lembrando que o início dos trabalhos das Cortes marcaram também o início da constituição do Arquivo das Cortes, vem esta História do Arquivo Histórico Parlamentar assinalar o Bicentenário deste Arquivo e relembrar a sua importância para a memória presente e futura do Constitucionalismo e da Democracia Portuguesa.

4 - TERCEIRA REPÚBLICA

Evolução Orgânica e Regulamentos dos Serviços

Após a Revolução de 25 de abril de 1974, o Decreto-Lei n.º 39/75, de 1 de fevereiro, extinguiu a Secretaria-Geral da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa.

A Assembleia Constituinte que foi então eleita, por sufrágio universal, no dia 25 de abril de 1975, tinha como propósito exclusivo o de elaborar e aprovar a Constituição, não tendo, por isso, competências legislativas ou de fiscalização política. Para dar apoio ao seu funcionamento, foi criado, pelo Decreto-Lei nº 370/75, de 16 de julho, o Secretariado da Assembleia Constituinte com a função de prestar apoio administrativo e técnico à Assembleia Constituinte. Por esta razão, o seu funcionamento estava limitado à existência da Assembleia Constituinte, tendo sido extinto e substituído por outro órgão de apoio, aquando da criação da Assembleia da República.

Este Decreto-Lei nº 370/75 determinou que este Secretariado fosse constituído exclusivamente por funcionários públicos, ali colocados em comissão de serviço, apenas pelo tempo de funcionamento da Assembleia Constituinte. Estes funcionários ficavam sujeitos a horários de trabalho flexíveis e sem correspondência com o horário de trabalho da generalidade da função pública, ainda que obrigados a prestar igual número de horas de trabalho semanais. A entrada em vigor da Constituição da República Portuguesa de 1976, em 25 de abril desse ano, deu lugar a um novo órgão de soberania, monocameral, com função legislativa e de fiscalização política do Governo: a Assembleia da República, que iniciou os seus trabalhos a 3 de junho de 1976.

A fim de garantir o apoio administrativo e técnico necessário aos trabalhos parlamentares, foi criada, pelo Decreto nº 575/76, de 21 de julho, a Secretaria-Geral da Assembleia da República, constituída por vários serviços e secções.  A "Biblioteca, Arquivo e Museu Histórico-Bibliográfico" foram colocados, a par de outros serviços, na dependência direta do Secretário-Geral, como se pode verificar pelo organograma abaixo:


Biblioteca, Arquivo e Museu Histórico-Bibliográfico era então uma das unidades orgânicas que compunham a Secretaria-Geral e tinha como funções: disponibilizar, para consulta, as coleções de legislação oficial, os livros e outras publicações em depósito; catalogar e conservar a documentação relativa às legislaturas e selecionar, guardar e conservar espécies documentais e bibliográficas e os objetos de arte referentes à história do parlamentarismo português.

No ano seguinte, pela Lei nº 32/77, de 25 de maio, foi aprovada a Lei Orgânica da Assembleia da República, que procedeu a uma reestruturação profunda dos serviços que haviam sido criados junto da Secretaria-Geral, em 1976. É a partir desta remodelação de 1977 que o Arquivo surge com a designação que mantém até hoje, a de Arquivo Histórico Parlamentar.

Esta Lei nº 32/77 cria a Direção de Serviços de Documentação, Informação e Biblioteca (DSDIB) na dependência da Direção-Geral dos Serviços Técnicos (DGST), que por sua vez respondia ao Secretário-Geral. A DSDIB tinha na sua dependência a Divisão de Documentação, a Divisão de Edições, a Biblioteca e o Arquivo Histórico Parlamentar (AHP). Poucos meses depois, a Lei nº 86/77, de 28 de dezembro, altera a Lei Orgânica, passando a DSDIB a designar-se como Direção dos Serviços de Documentação e Informação (DSDI).

Organograma

Já o Despacho Normativo n.º 281/80, de 26 de agosto, veio regulamentar o funcionamento dos serviços da AR, tendo sido atribuídas as seguintes funções ao Arquivo Histórico Parlamentar:

  1. Recolher, registar, catalogar, indexar e conservar a documentação relativa às legislaturas findas e selecionar e tratar as espécies documentais e bibliográficas nele existentes;
  2. Sistematizar e conservar os arquivos fotográficos referentes aos Deputados e a atos e factos da Assembleia da República no final de cada legislatura;
  3. Assegurar a recolha e tratamento da documentação histórica;
  4. Prestar informações sobre a documentação existente no arquivo, quando lhe sejam pedidas por quaisquer instituições, nacionais ou estrangeiras;
  5. Fomentar e apoiar contactos com outros arquivos históricos, tanto nacionais, como estrangeiros;
  6. Publicar com regularidade instrumentos de trabalho relativos às espécies reunidas, procedendo à sua divulgação através da Divisão de Edições.

 

Em 1988, através da Lei n.º 77/88, de 1 de julho, surge uma nova Lei Orgânica da Assembleia da República, que vem eliminar um nível da estrutura orgânica de 1977. Foram assim eliminadas as antigas secções e, grosso modo, as antigas Direções de Serviços passaram a Direções-Gerais de Serviços, começando já a ser visível uma tendência para simplificar a orgânica dos serviços.

A Lei n.º 77/88 teve como objetivo definir e regular os instrumentos de gestão administrativa, financeira e de apoio técnico à atividade da Assembleia da República e dos seus deputados. Esta Lei veio então definir de modo mais sistemático do que a legislação anterior quais as funções e finalidades dos serviços: suporte técnico e administrativo no domínio das atividades de secretariado e de apoio direto ao Plenário, às comissões e aos órgãos que funcionavam junto da Assembleia da República ou na sua dependência; elaboração de estudos técnicos especializados e a execução de tarefas necessários à atividade da Assembleia da República.

Para este fim, foram criadas quatro Unidades Orgânicas distintas, a saber: A Direção-Geral de Apoio Parlamentar; a Direção-Geral de Administração e Informática; a Direção dos Serviços de Relações Públicas e Internacionais e o Museu.

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Direção-Geral de Apoio Parlamentar (à qual pertencia o AHP) foi incumbida das seguintes funções:

  1. Apoiar a Mesa da Assembleia da República;
  2. Organizar os processos relativos à atividade legislativa e de fiscalização e a outros atos decorrentes do funcionamento da Assembleia da República;
  3. Garantir apoio técnico ao Plenário e às comissões parlamentares;
  4. Apoiar, em matéria de documentação e informação, os deputados e os órgãos e serviços da Assembleia da República;
  5. Assegurar o apoio administrativo e de secretariado ao Plenário e às comissões parlamentares;
  6. Garantir a elaboração e edição do Diário da Assembleia da República e de outras atas parlamentares;
  7. Planificar, redigir, editar e difundir as publicações da Assembleia da República;
  8. Recolher e tratar a informação difundida pelos órgãos de comunicação social com interesse para as atividades decorrentes do funcionamento da Assembleia da República;
  9. Constituir, organizar, conservar e inventariar o património documental;
  10. Inventariar, tratar e conservar as espécies documentais e bibliográficas respeitantes à história das instituições políticas portuguesas.

Direção-Geral de Apoio Parlamentar era assim constituída por duas Direções de Serviços: a Direção de Serviços de Apoio Técnico e de Secretariado às Comissões e Plenário e a Direção de Serviços de Documentação e Informação (DSDI), que compreendia as seguintes divisões de serviço: Divisão de Informação Legislativa e Parlamentar; Divisão de Edições; Biblioteca; Arquivo Histórico Parlamentar. A DSDI tinha as seguintes funções:

  1. Assegurar o apoio documental e bibliográfico aos trabalhos da Assembleia da República, organizando, para consulta, as coleções de legislação, de obras e de outros documentos existentes, quer em depósito, quer em outras instituições a que possa recorrer;
  2. Organizar e manter atualizado um centro de documentação, com a função de recolher bibliografia, documentação, textos, diplomas legais, atos normativos e administrativos e demais elementos de informação científica e técnica relacionada com a atividade da Assembleia da República;
  3. Criar e manter permanentemente atualizados dossiers relativos a grandes temas nacionais e internacionais;
  4. Recolher, tratar e difundir a informação resultante dos atos da Assembleia da República, bem como a decorrente da atividade parlamentar estrangeira e de organizações internacionais;
  5. Recolher, analisar, tratar, arquivar e promover a difusão da legislação, nacional e estrangeira e de toda a informação legislativa com interesse para a Assembleia da República;
  6. Analisar e tratar os documentos parlamentares estrangeiros, jornais, revistas, boletins e demais informação internacional com vista à organização de dossiers, notas e fichas respeitantes a assuntos de atualidade e interesse para a prossecução dos trabalhos da Assembleia da República;
  7. Organizar e divulgar uma folha semanal, sumariando a documentação estrangeira recebida, podendo classificar, analisar e traduzir em síntese a referida documentação;
  8. Assegurar a gestão da Biblioteca;
  9. Recolher, analisar, tratar, arquivar e divulgar a informação produzida pelos órgãos de comunicação social;
  10. Assegurar a gestão do Arquivo Histórico Parlamentar e promover a conservação e preservação do seu património;
  11. Planificar e promover a edição de publicações com interesse para a Assembleia da República e para o público em geral;
  12. Construir e gerir as respetivas bases de dados;
  13. Cooperar com instituições nacionais, estrangeiras e internacionais em matéria de documentação e informação.

Em 1990, o Regulamento dos Serviços da AR (DAR II Série-C, n.º 37, de 7 de julho de 1990), vem definir, no seu Artigo 17.°, as competências e funções do Arquivo Histórico Parlamentar:

  1. Compete ao Arquivo Histórico Parlamentar:
    1. Zelar pela conservação dos documentos das antigas Cortes Constitucionais, do Congresso da República, da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa, da Assembleia Constituinte e da Assembleia da República;
    2. Recolher, registar, catalogar e indexar a documentação relativa às legislaturas findas;
    3. Assegurar a recolha, selecção e tratamento das espécies documentais, nomeadamente a documentação histórica;
    4. Recolher, tratar e conservar a informação áudio-visual, bem como promover a reciclagem dos respectivos suportes;
    5. Recolher, seleccionar, tratar e conservar os documentos fotográficos referentes aos deputados e a actos e factos da Assembleia da República;
    6. Participar na gestão de sistemas de arquivos da Assembleia da República, nos termos do seu Regulamento;
    7. Prestar informações sobre a documentação existente no Arquivo quando lhe sejam pedidas individualmente ou por quaisquer instituições nacionais ou estrangeiras;
    8. Fomentar e apoiar contactos com outros arquivos históricos, tanto nacionais como estrangeiros;
    9. Publicar com regularidade instrumentos de trabalho relativos às espécies reunidas;
    10. Promover e colaborar em actividades de divulgação do património documental do Arquivo Histórico Parlamentar.
  2. A transferência dos documentos para o Arquivo Histórico Parlamentar efectua-se nos termos do Regulamento do Sistema de Arquivos da Assembleia da República.
  3. O Regulamento do Arquivo Histórico Parlamentar definirá as condições de cedência de documentos, por prazo certo, e de acesso dos vários utilizadores aos diferentes tipos de documentos.

1993 é o ano de mais uma alteração orgânica dos serviços parlamentares, materializada com a Lei n.º 59/93, de 17 de agosto. Este diploma veio alterar a já referida Lei n.º 77/88, simplificando ainda mais as camadas hierárquicas da orgânica dos serviços parlamentares, ao extinguir as Direções-Gerais e ao manter apenas dois níveis hierárquicos abaixo do Secretário-Geral: as Direções de Serviços e as Divisões de Serviços. A estrutura orgânica aprovada pela Lei n.º 59/93 foi fixada pelo Regulamento dos Serviços da Assembleia da República, publicado no Diário da Assembleia da República IIª Série C n.º 30 Suplemento, de 15 de julho de 1994.

A Lei n.º 59/93 divide os serviços da Assembleia da República em oito Unidades Orgânicas: Centro de Estudos Parlamentares; Direção de Serviços de Apoio e Secretariado; Direção de Serviços de Documentação e Informação; Direção de Serviços Administrativos e Financeiros; Centro de Informática, Gabinete de Relações Públicas e Internacionais, Museu e Gabinete Médico e de Enfermagem.

 

Direção de Serviços de Documentação e Informação compreendia as seguintes divisões de serviço: Divisão de Informação Legislativa e Parlamentar; Divisão de Edições; Biblioteca; Arquivo Histórico Parlamentar e tinha as seguintes funções:

  1. Assegurar o apoio documental e bibliográfico aos trabalhos da Assembleia da República, organizando, para consulta, as coleções de legislação, de obras e de outros documentos existentes, quer em depósito, quer em outras instituições a que possa recorrer;
  2. Organizar e manter atualizado um centro de documentação, com a função de recolher bibliografia, documentação, textos, diplomas legais, atos normativos e administrativos e demais elementos de informação científica e técnica relacionada com a atividade da Assembleia da República;
  3. Criar e manter permanentemente atualizados dossiers relativos a grandes temas nacionais e internacionais;
  4. Recolher, tratar e difundir a informação resultante dos atos da Assembleia da República, bem como a decorrente da atividade parlamentar estrangeira e de organizações internacionais;
  5. Recolher, analisar, tratar, arquivar e promover a difusão da legislação, nacional e estrangeira e de toda a informação legislativa com interesse para a Assembleia da República;
  6. Analisar e tratar os documentos parlamentares estrangeiros, jornais, revistas, boletins e demais informação internacional com vista à organização de dossiers, notas e fichas respeitantes a assuntos de atualidade e interesse para a prossecução dos trabalhos da Assembleia da República;
  7. Organizar e divulgar uma folha semanal, sumariando a documentação estrangeira recebida, podendo classificar, analisar e traduzir em síntese a referida documentação;
  8. Assegurar a gestão da Biblioteca;
  9. Recolher, analisar, tratar, arquivar e divulgar a informação produzida pelos órgãos de comunicação social;
  10. Assegurar a gestão do Arquivo Histórico Parlamentar e promover a conservação e preservação do seu património;
  11. Planificar e promover a edição de publicações com interesse para a Assembleia da República e para o público em geral;
  12. Construir e gerir as respetivas bases de dados;
  13. Cooperar com instituições nacionais, estrangeiras e internacionais em matéria de documentação e informação.

O AHP ficou dotado das seguintes competências específicas:

  1. Zelar pela conservação dos documentos das antigas Cortes Constitucionais, do Congresso da República, da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa, da Assembleia Constituinte e da Assembleia da República;
  2. Recolher, registar, catalogar e indexar e conservar as espécies documentais, relativas às legislaturas findas;
  3. Recolher, selecionar, tratar e divulgar manuscritos e outras fontes históricas disponíveis;
  4. Recolher, tratar e conservar a informação audiovisual, bem como promover a reciclagem dos respetivos suportes;
  5. Recolher, selecionar, tratar e conservar os documentos fotográficos referentes aos Deputados e a atos e factos da Assembleia da República;
  6. Prestar informações sobre a documentação existente no Arquivo quando lhe sejam pedidas individualmente ou por quaisquer instituições nacionais ou estrangeiras;
  7. Publicar com regularidade instrumentos de trabalho relativos às espécies reunidas;
  8. Promover e colaborar em atividades de divulgação do património documental do AHP;
  9. Fomentar e apoiar contactos com outros arquivos históricos, tanto nacionais como estrangeiros.

Em 2003 ocorre uma nova reestruturação orgânica na Assembleia da República. Na IX Legislatura é apresentado o Projeto de Lei n.º 243/IX, subscrito pelos deputados representantes dos Partidos no Conselho de Administração, na sequência do qual é aprovada uma nova Lei Orgânica: a Lei n.º 28/2003, de 30 de julho, que prevê, no seu artigo 27.º, a existência de Unidades Orgânicas que assegurem o funcionamento da Assembleia da República. O Projeto de Lei n.º 243/IX prevê ainda que a criação, extinção, denominação e definição de competências e a estrutura das unidades orgânicas se faça por resolução da Assembleia da República, sob proposta do Conselho de Administração. Sendo assim, em 2004, é a Resolução da Assembleia da República n.º 20/2004, de 16 de fevereiro, sobre a "Estrutura e Competências dos Serviços da Assembleia da República" que vem definir a nova estrutura orgânica dos serviços parlamentares. A DSDI passa a denominar-se Direção de Serviços de Documentação, Informação e Comunicação (DSDIC). Esta nova orgânica da AR eliminou as anteriores direções gerais que respondiam ao Secretário Geral, nomeadamente a Direção-Geral de Apoio Parlamentar, passando a DSDIC a responder hierarquicamente ao Secretário-Geral.

A Resolução da Assembleia da República nº 20/2004 divide assim os serviços da Assembleia da República em oito Unidades Orgânicas: Direção de Serviços de Apoio Técnico e Secretariado; Direção de Serviços de Documentação, Informação e Documentação; Direção de Serviços Administrativos e Financeiros; Gabinete de Relações Internacionais e Protocolo; Centro de Informática; Centro de Formação Parlamentar e Interparlamentar; Museu e Gabinete Médico e de Enfermagem. A Direção de Serviços de Documentação, Informação e Comunicação foi incumbida das seguintes funções:

  1. Assegurar o apoio documental e bibliográfico aos trabalhos da Assembleia da República, designadamente organizando, para consulta, as coleções de legislação, de obras e de outros documentos existentes, quer em depósito, quer em outras instituições a que possa recorrer;
  2. Organizar e manter atualizado um centro de documentação com a função de recolher bibliografia, documentação, textos, diplomas legais, atos normativos e administrativos e demais elementos de informação científica e técnica relacionada com a atividade desenvolvida pela Assembleia da República;
  3. Criar e manter permanentemente atualizados dossiers relativos a grandes temas nacionais e internacionais;
  4. Recolher, tratar e difundir a informação resultante dos atos da Assembleia da República, bem como a decorrente da atividade parlamentar estrangeira e de organizações internacionais;
  5. Recolher, analisar, tratar, arquivar e promover a difusão da legislação, nacional e estrangeira, e de toda a informação legislativa com interesse para a Assembleia da República;
  6. Analisar e tratar os documentos parlamentares estrangeiros, jornais, revistas, boletins e demais informação internacional, com vista à organização de dossiers, notas e fichas respeitantes a assuntos de atualidade e interesse para a prossecução dos trabalhos da Assembleia da República;
  7. Organizar e manter em funcionamento um centro de informação ao cidadão, utilizando designadamente as novas tecnologias de informação para o reforço da comunicação entre a Assembleia da República e o cidadão;
  8. Assegurar a gestão da Biblioteca;
  9. Recolher, analisar, tratar, arquivar e divulgar a informação produzida pelos órgãos de comunicação social;
  10. Assegurar a gestão do Arquivo Histórico Parlamentar e promover a conservação e preservação do seu património;
  11. Planificar e promover a edição de publicações com interesse para a Assembleia da República e para o público em geral;
  12. Construir e gerir as respetivas bases de dados;
  13. Cooperar com instituições nacionais, estrangeiras e internacionais em matéria de documentação e informação.

Compreendia as seguintes divisões de serviço: Divisão de Informação Legislativa e Parlamentar (DILP); Divisão de Edições (DE); Centro de Informação ao Cidadão e Relações Públicas (CIC/RP); Biblioteca (BIB); Arquivo Histórico Parlamentar (AHP).

Organograma


A definição da estrutura do Parlamento foi definida no Projeto de Resolução n.º 199/IX (DAR II série-A, n.º 27, de 10 de janeiro de 2004, pp. 1591-1604), que relativamente às competências atribuídas dispõe no Artigo 16.º sobre o Arquivo Histórico Parlamentar (AHP) que:

  1. Compete ao Arquivo Histórico Parlamentar:
    1. Zelar pela conservação dos documentos das antigas Cortes Constitucionais, do Congresso da República, da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa, da Assembleia Constituinte e da Assembleia da República;
    2. Recolher, registar, catalogar e indexar e conservar as espécies documentais, relativas às legislaturas findas;
    3. Recolher, seleccionar, tratar e divulgar manuscritos e outras fontes históricas disponíveis;
    4. Recolher, tratar e conservar a informação audiovisual, bem como promover a reciclagem dos respectivos suportes;
    5. Recolher, seleccionar, tratar e conservar os documentos fotográficos referentes aos Deputados e a actos e factos da Assembleia da República;
    6. Prestar informações sobre a documentação existente no Arquivo quando lhe sejam pedidas individualmente ou por quaisquer instituições nacionais ou estrangeiras;
    7. Publicar com regularidade instrumentos de trabalho relativos às espécies reunidas;
    8. Elaborar e propor os regulamentos de conservação e eliminação de documentos dos serviços;
    9. Promover e colaborar em actividades de divulgação do património documental do Arquivo Histórico Parlamentar;
    10. Fomentar e apoiar contactos com outros arquivos históricos, tanto nacionais como estrangeiros.
  2. O regulamento do Arquivo Histórico Parlamentar define as condições de cedência de documentos, por prazo certo, de acesso dos vários utilizadores aos diferentes tipos de documentos e de transferência dos documentos administrativos e das legislaturas findas. 

A Lei nº 28/2003 foi sendo alterada, no que respeita à orgânica e funções dos serviços por sucessivas Resoluções da Assembleia da República. De entre elas, destacam-se, pela profunda reestruturação que operaram, duas Resoluções. A saber: a Resolução da Assembleia da República nº 20/2004 e a Resolução da Assembleia da República nº 74/2018, sendo esta última Resolução de destacar, uma vez que alterou a estrutura que respeita ao AHP. A alteração à Lei nº 28/2003, de 30 de julho, concretizada pela Resolução da Assembleia da República nº 74/2018, institui 7 Unidades Orgânicas (Direções de Serviços): Direção de Apoio Parlamentar; Direção de Informação e Cultura; Direção Administrativa e Financeira; Direção de Relações Internacionais, Públicas e Protocolo; Direção de Tecnologias de Informação; Gabinete de Controlo e Auditoria e o Gabinete de Comunicação. A DSDIC passa a denominar-se Direção de Informação e Cultura (DIC) e foi incumbida das seguintes funções:

  1. Assegurar a coordenação das unidades orgânicas que lhe estão adstritas, garantindo uma eficaz gestão de recursos e meios para o cumprimento adequado das competências de cada uma;
  2. Assegurar, em conjunto com os respetivos chefes de divisão, a definição estratégica dos trabalhos a efetuar e o seu planeamento, designadamente através da elaboração atempada de instrumentos de gestão, tais como planos e relatórios de atividades;
  3. Coordenar e promover, em conjunto com os respetivos chefes de divisão, a preparação do orçamento anual dos serviços e zelar pela sua boa execução;
  4. Coordenar, nas áreas da sua competência, a definição e execução dos programas de cooperação com outros parlamentos;
  5. Garantir o apoio técnico e logístico ao órgão parlamentar encarregue dos assuntos culturais.

Direção de Informação e Cultura ficou a compreender as seguintes divisões de serviço: Divisão de Informação Legislativa e Parlamentar (DILP); Biblioteca (BIB); Divisão de Edições (DE); Divisão Museológica e para a Cidadania (DMC) e Arquivo Histórico Parlamentar (AHP), tendo este sido incumbido das seguintes competências:

  1. Assegurar a gestão do expediente da Assembleia da República;
  2. Apoiar a organização dos arquivos correntes dos serviços da Assembleia da República;
  3. Definir metodologias que otimizem a gestão documental da Assembleia da República, elaborando os instrumentos necessários à sua concretização e implementando metodologias que incrementem a eficácia da produção, tramitação e arquivo dos documentos;
  4. Incorporar os documentos produzidos pelos serviços no final de cada legislatura ou decorridos os prazos administrativos, legais ou probatórios, estipulados no regulamento de gestão de documentos de arquivo e respetiva tabela de seleção de documentos;
  5. Promover a organização e descrição dos documentos à sua guarda;
  6. Zelar pela conservação de todos os documentos, em todos os suportes, evitando a sua degradação física, extravio e indisponibilização, designadamente recorrendo a planos de preservação;
  7. Gerir o arquivo fotográfico, catalogando as imagens e os respetivos suportes;
  8. Gerir o acesso aos documentos em qualquer suporte e a comunicação da informação por eles veiculada, que se encontram à sua guarda;
  9. Promover e colaborar em atividades de divulgação do património arquivístico;
  10. Promover doações de documentos relativos à atividade parlamentar;
  11. Garantir, na sequência da política definida pela Assembleia da República e da legislação aplicável, a segurança dos documentos à sua guarda e da informação neles contida.  

Organograma


Evolução da organização e estrutura do AHP

Da análise da evolução orgânica dos serviços da Assembleia da República, sobretudo a partir de 1977, data da criação do Arquivo Histórico Parlamentar enquanto unidade orgânica autónoma, poderia assumir-se que o AHP já estaria por esta altura (finais dos anos 70, inícios de 80) bem organizado e com uma boa estrutura, mas, na prática e na realidade, tal não se constatava.

Desde logo, o Resumo Histórico[59] apresentado pela bibliotecária-arquivista Maria das Dores Lopes da Silva, em 1977, divide o seu acervo em seis arquivos: 

  1. Arquivo das Assembleias Eleitorais de 1821 a 1925; 
  2. Arquivo da Câmara dos Deputados do Regime Monárquico; 
  3. Arquivo da Câmara dos Dignos Pares do Reino (1826-1910) e Arquivo da mesma Câmara constituído em Tribunal de Justiça; 
  4. Constituintes de 1911 / Congresso da República e Senado da República (1911-1926); 
  5. Assembleia Nacional e Câmara Corporativa (1935-1974); 
  6. Arquivo Administrativo desde 1935 e descreve do seguinte modo o estado do Arquivo: "um vasto e pouco conhecido manancial de dados informativos para a história do regime parlamentar português (…). Este Arquivo não foge à triste sina dos Livros de S. Bento – as mudanças – pois durante anos esteve localizado nas salas onde está instalada a Contabilidade, o Serviço de Pessoal e os Serviços Legislativos, sendo depois levado para o rés-do-chão; uma parte instalada convenientemente em estantes metálicas, outra parte numa arrecadação em frente, com uma espécie de divisão por andares feita em madeira, sem estantes, onde as obras se encontravam a monte. Essas obras foram em Maio de 1975 levadas, também por ordem rapidamente executada, para duas arrecadações, onde em estantes metálicas e de madeira estão a ser devidamente verificadas e organizadas". Uma reportagem publicada no jornal O Comércio do Porto, a 14 de fevereiro de 1980, e intitulada «Palácio de S. Bento visto por dentro. Livros com "tripas" ao léu numa biblioteca em perigo», vem frisar novamente este estado, tanto porque a bibliotecária-arquivista Maria das Dores Lopes da Silva foi entrevistada, como porque o seu Resumo Histórico aparece citado, sem que se tenham verificado grandes mudanças nas condições de acondicionamento do acervo[60].

O deputado Adriano Vasco Rodrigues é o autor de uma Intervenção em "Defesa do Arquivo da Assembleia da República e Torre do Tombo", datada de 14 de junho de 1978 e na qual alerta para o péssimo estado em que se encontrava parte da documentação do AHP: "Dentro dessas catacumbas, documentos com interesse para a história económica, política e social dos últimos séculos correm o risco de apodrecer por falta de condições de conservação, amontoados os dispersos em alguns casos pelo chão, sem condições de climatização ou defesa contra os insectos e larvas daninhas. Se começarmos pela Casa das Caldeiras encontramos ali uma secção de arquivo, junto à tubagem de aquecimento, correndo risco, em caso de rotura. Nos corredores superiores das galerias, amontoam-se documentos sem jamais terem sido objecto de desinfecção. Também sobre a cozinha e o refeitório se empilham, sem que se conservem sequer em caixas"[61]. E logo em 1979 se podem encontrar ofícios trocados entre o Secretário-Geral da Assembleia da República e investigadores de renome, em que estes se lamentavam do facto do AHP se encontrar encerrado à consulta e solicitavam acesso a este acervo, devido a investigações em curso. A título de curiosidade, temos entre esta documentação um ofício de 12 de fevereiro de 1979, assinado por Joel Serrão, a solicitar o acesso à documentação por parte de Miriam Halpern Pereira, no âmbito do projeto de investigação "Roteiro de Fontes de História Contemporânea Portuguesa", do qual resultou o Guia de Fundos do AHP[62].


Ofício de Joel Serrão, de 12 de fevereiro de 1979. Cota AHP:  GABSG, cx. 164, mç. 10.

Ofício de Joel Serrão, de 12 de fevereiro de 1979. Cota AHP: GABSG, cx. 164, mç. 10.

Data de 15 de janeiro de 1980 uma Informação enviada pela já mencionada Técnica Superior Principal, Maria das Dores Lopes da Silva, ao Diretor Geral dos Serviços Parlamentares, em que alerta "para o problema grave com que se debate o Arquivo da Assembleia da República, arquivo esse que se resume, em termos de funcionários, à minha pessoa (…) resolvi levar a cabo um serviço muito pedido por investigadores da nossa história, a identificação dos cadernos eleitorais monárquicos, dos quais já identifiquei 1 265 maços. Mas não tenho ninguém que me traga os maços, os embrulhe depois de verificados, nem que me possa dactilografar as fichas (…). Se V. Ex.ª pretende que o Arquivo seja digno desta Assembleia é necessário e urgente que para ele sejam destacados para já um contínuo e dactilógrafo e mais tarde outro contínuo e outro funcionário com a categoria de técnico auxiliar ou equivalente"[63]. De igual modo, nesse mesmo ano, e a propósito da constituição da Comissão eventual de defesa do património da cerca e do Palácio de S. Bento, Ferreira do Amaral, Deputado do PPM, refere[64] uma conversa que teria tido com a conservadora do arquivo e biblioteca da Assembleia da República na qual esta se teria queixado da falta de pessoal: "Há dias tive oportunidade de conversar com a conservadora (…) e ela queixou-se de que está praticamente sozinha a fazer todo o trabalho relativo à biblioteca e ao arquivo. E que nessa biblioteca e nesse arquivo estão, não só espécies de uma valia incomensurável sob o ponto de vista do património cultural português e até relativo ao estudo da história política nacional, como estão documentos sobretudo relativos às eleições do século passado, que podem levar a teses e a trabalhos da maior importância na história económica desse século e até do atual. Portanto, penso que essa comissão poderá vir a ser o embrião do desenvolvimento de um trabalho cultural bastante profícuo por parte de todos os nossos intelectuais, e se há entidade a quem compete dinamizar e criar as condições necessárias para que esses trabalhos e esse esmero possam ser levados a cabo, é exatamente a Assembleia, são exatamente os deputados que têm a seu cargo o Governo desta Casa". Victor Sá, Deputado do PCP, reforçou em seguida a importância do alargamento do quadro do pessoal específico do Arquivo e a melhoria das instalações da Torre do Tombo (é importante não esquecer, como já foi mencionado acima, que o Arquivo da Torre do Tombo funcionava nos espaços do Palácio de S. Bento e que só em 1992 foi transferido para o espaço próprio que ocupa atualmente).

As décadas de 1980 e 1990 foram marcadas por uma lenta, mas progressiva mudança de atitude relativamente ao Arquivo e à sua importância. Foi efetivamente, dada alguma atenção por parte dos deputados (como fica ilustrado pelas intervenções em Plenário que irão aqui ser mencionadas e pela criação de Grupos de Trabalho), relativamente ao estado de conservação e armazenamento da documentação à guarda do AHP, às condições dos espaços de armazenamento e aos recursos humanos especializados alocados ao arquivo e à biblioteca. Por exemplo, em junho de 1985, o Diretor da "State School for the Training of Archivists (Netherlands)", o Dr. J. P. Sigmond, envia o produto final de uma Ação de Cooperação da OCDE (Serviço de Cooperação Técnica) realizada em Lisboa, entre 18 e 29 de março de 1985. Este Relatório intitulado "Reconstruction of the Historical Archives of the Assembly of the Republic of Portugal"[65], apresenta o estado em que o AHP se encontrava à data, referindo desde logo que o arquivo tinha 3 funcionários (a chefe de serviço e mais 2 funcionários), e que "the service has to its disposal one room together for the three members of the staff, and two stacks. One of the stacks has two floors. This one has to be shared with the library. The distance between staffroom and stacks is much to far (a four minutes walk) which is very inefficient". De entre as recomendações feitas neste Relatório, destacam-se as normativas deixadas relativamente à incorporação da documentação intermédia produzida pelos Serviços da AR, as recomendações feitas sobre a reformulação dos IDDs (Instrumentos de Descrição Documental) para recuperação da documentação histórica, a utilização da microfilmagem para preservação da documentação e para promoção da sua acessibilidade, recomendações sobre condições ideais dos depósitos e sobre a importância da contratação de pessoal especializado, entre outras.

Data de abril de 1987 o Projecto de Reorganização do Arquivo Histórico Parlamentar[66] submetido à apreciação da então Secretária-Geral, Maria do Carmo Romão, pela Diretora de Serviços de Documentação e Informação Bibliográfica, Alda Cabral, e com o intuito de propor "uma profunda intervenção no referido Serviço e recomendar acções tendentes a melhorar o Sistema de Arquivos da AR, por forma a que seja efectivamente transferida para esse Arquivo apenas a documentação que nele deva ser guardada para sempre e tornada acessível". São desde logo apontadas neste Projeto dificuldades estruturais e carências graves de pessoal especializado que estariam a impedir o AHP de se modernizar[67]. São também identificadas as duas componentes de informação à guarda do AHP: Informação legislativa e parlamentar decorrente da atividade das câmaras e informação de caráter administrativo com suposto valor histórico ou legal. A primeira componente de informação identificada é desde logo apontada como inacessível, dado não estar nem descrita, nem organizada. Paralelamente, o sistema de incorporações documentais em final de Legislatura não se encontrava estabelecido. A segunda componente é qualificada de "perfeitamente insustentável". Perante as falhas estruturais apontadas é sugerido, desde logo, que, para além das duas componentes de informação acima referidas, o AHP passe a englobar, nas suas competências, o Arquivo Fotográfico, o Arquivo Audiovisual e a recolha, tratamento e conservação dos materiais de campanha eleitoral relacionados com as eleições legislativas. Para tal, é apontado como absolutamente necessário um reforço da equipa de funcionários, apostando em pessoal qualificado e recorrendo, se necessário, a ajuda externa oriunda, por exemplo, da Torre do Tombo.

Na sequência deste Projecto de Reorganização do Arquivo Histórico Parlamentar foi solicitado (por Ofício de 15.09.1987 dirigido pela Secretária-Geral da AR ao Prof. José Mattoso – na altura o responsável pela Comissão da Reforma e Reinstalação do ANTT) a colaboração de uma equipa de consultores da Torre do Tombo, liderada por Maria José Silva Leal. A 20 de outubro de 1987 é apresentada uma Proposta de Organização e Gestão do Projeto de Reorganização do Sistemas de Arquivos da AR, que pressupunha 4 fases de trabalho e a criação de 3 equipas distintas, como fica abaixo ilustrado:


Proposta de Organização e Gestão do Projeto de Reorganização do Sistemas de Arquivos da AR, outubro de 1987. Cota AHP: AHP, cx. 5, mç. 2.

Proposta de Organização e Gestão do Projeto de Reorganização do Sistemas de Arquivos da AR, outubro de 1987. Cota AHP: AHP, cx. 5, mç. 2.

Já em setembro de 1988 foi realizado um protocolo com a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sob a mediação da AP-BAD. Este protocolo previa um projeto com a duração de aproximadamente 6 meses e a realizar em 3 fases, a saber:

" 1. Estudo prévio que contemplará a recolha de informação, a caracterização do sistema atual e a definição das grandes linhas da reorganização; 2. Discutidas e aprovadas as grandes linhas de reorganização, proceder-se-à ao estudo e conceção de um modelo de organização arquivística; 3. Apresentação pela Faculdade de Letras de uma proposta para o estabelecimento da metodologia a adotar na execução técnica do projeto de reorganização dos arquivos da AR".


Protocolo entre o AHP e a Faculdade de Letras, setembro de 1988. Cota AHP: AHP, cx. 5, mç. 2.

Protocolo entre o AHP e a Faculdade de Letras, setembro de 1988. Cota AHP: AHP, cx. 5, mç. 2.


Pela Informação n.º 12/89/DSDI, de 27 de janeiro de 1989, da autoria da então Diretora de Serviços, Alda Cabral, e endereçada ao Gabinete do Secretário-Geral, percebe-se que é por esta altura que se efetua a "mudança dos Depósitos da Biblioteca e Arquivo Histórico Parlamentar das actuais instalações para instalações provisórias até à sua transferência e instalação definitiva nos espaços do Palácio actualmente ocupados pela Torre do Tombo". Assim, haveria, na altura, documentação nos seguintes espaços:

  • Depósitos sobre o Refeitório (AHP)
  • Depósitos sobre a CGD (Biblioteca e AHP)
  • Claustros (Biblioteca e AHP)
  • Sala n.º 178, junto à Reprografia (Biblioteca)

Tal documentação deveria ser transferida em três fases e mediante o seguinte plano:

Informação n.º 12/89/DSDI
Informação n.º 12/89/DSDI
Informação n.º 12/89/DSDI, de 27 de janeiro de 1989. Cota AHP: AHP, cx. 1, mç. 1


Não obstante tais projetos, propostas e esforços, nesse mesmo mês de janeiro de 1989, existe documentação que indica preocupação, quer por parte dos deputados, quer por parte da comunidade científica, relativamente a estas mudanças e ao facto de se prever que o acervo ficasse inacessível durante dois anos[68]. É disto ilustrativo o abaixo-assinado enviado ao então PAR, Victor Crespo, por vários investigadores do ISCTE, FCSH-UNL, ICS-UL[69].


Abaixo assinado enviado em janeiro de 1989, protestando contra o fecho do AHP ao público. Cota AHP: GABSG, cx. 99, mç. 1.

Abaixo assinado enviado em janeiro de 1989, protestando contra o fecho do AHP ao público. Cota AHP: GABSG, cx. 99, mç. 1.

De igual modo, também em janeiro de 1989, a Deputada do PCP, Ilda Figueiredo, expressa em plenário as suas "justificadas preocupações pelas decisões tomadas relativamente ao Arquivo Histórico da Assembleia da República" e respetivo processo de transferência para novas instalações[70]. Natália Correia, Deputada do PRD, retoma o assunto numa intervenção[71] na qual questiona a mudança de instalações planeada para "as salas de um prédio sujeito a inundações e que nos dizem ter a demolição assinalada para o fim deste ano", colocando em risco esse "importantíssimo fundo documental". Esta deputada refere ainda que já no verão de 1988 "foram desalojadas espécies dos depósitos da Biblioteca para instalar nesse espaço a Caixa Geral de Depósitos", as quais foram colocadas no Claustro "embrulhadas num plástico" fazendo recear "que o efeito de estufa tenha já produzido a destruição de algumas", questionando se não estariam incluídas aí as Ordenações Manuelinas. Sobre os "documentos fundamentais para a história do parlamento português", questiona se foram microfilmados ou se parte da documentação iria para a Casa das Caldeiras por falta de espaço. Questiona ainda porque não se aguardou a construção de novos gabinetes no Palácio ou a libertação de espaços ocupados pela Torre do Tombo ou ainda a construção de novo Edifício da AR no largo junto à Rua de São Bento.

Perante as questões levantadas, o Presidente da Assembleia da República, Vítor Pereira Crespo, responde, em plenário, referindo ter visitado o arquivo e enviado um despacho aos serviços face ao que constatou: documentação por acondicionar – determinando a aquisição de caixas e o acondicionamento da documentação; que a humidade no novo edifício, uma "antiga galeria de antiguidades" (provavelmente os edifícios que foram depois demolidos para dar lugar ao Edifício Novo) era menor que nas anteriores instalações, mas que havia sido determinada a compra de desumidificadores; que no local anterior os sensores de incêndio estavam bloqueados pela documentação, mas que se tinha determinado a instalação de tais aparelhos nas novas instalações. Refere ainda que recusou colocar o arquivo noutro edifício, uma vez que este local estava ao lado de uma esquadra da polícia, tendo determinado vigilância ao edifício pela mesma. Sobre a documentação colocada no Claustro, diz ser o que "na casa eram chamados «papéis velhos»", constituídos por "Diários do Governo e Diário da República e outros documentos de que existem várias cópias", e que esta documentação iria, não para a Casa das Caldeiras, mas para um espaço anexo, que seria previamente blindado. Acrescenta que se teria já procedido ao início da microfilmagem de documentação e que a documentação, após a mudança, seria consultável - embora não no local, uma vez que tinha que ser requisitada previamente pelos utilizadores e transportada para "local próprio" (não identificado) para consulta. Informou ainda que tinha autorizado a vinda de técnicos dos Arquivos Nacionais e a criação de uma comissão para analisar o arquivo.

De igual modo, António Barreto, Deputado do PS, informa o Plenário que a Comissão de Educação, Ciência e Cultura havia decidido no dia anterior criar um Grupo de Trabalho sobre este assunto, recordando o Presidente da AR que, 6 meses antes em Plenário tinha sido aprovada a criação de uma comissão para a história do Parlamento (que na verdade só viria a ser materializada pela Deliberação nº 2-PL/89 - Elaboração de uma História do Parlamento Português desde 1820 até hoje e criação de uma Comissão Eventual com o objetivo de estudar as respetivas condições , publicada em DAR II Série-A, n.º 24, de 18 de março de 1989. Octávio Teixeira, Deputado do PCP, reforça, por sua vez, a preocupação sentida perante a aparente falta de cuidado verificada quando do transporte da documentação, que "fazia doer a alma a qualquer pessoa". Ao encerrar o debate, o Presidente da AR reforça que "a transferência foi feita sob a supervisão dos técnicos do Arquivo Histórico do Parlamento Português", e conclui dizendo que "a actual situação não é pior do que a anterior e que vamos encontrar a boa solução. A boa solução chama-se Torre do Tombo".

Meses mais tarde, a Comissão de Educação, Ciência e Cultura publica o Relatório referente à visita aos arquivos históricos da Assembleia da República[72]. Nesse relatório ficou confirmado o acondicionamento da documentação em caixas de cartão, a preparação em curso das instalações anexas à Casa das Caldeiras, a efetiva falta de recursos humanos (principalmente de técnicos superiores) e que a transferência dos arquivos da Torre do Tombo para o seu novo edifício demoraria ainda 2 anos (veio a concretizar-se em 1992). De facto, o quadro do Arquivo na altura continuava marcado por escassez de recursos e de especialistas e consistia apenas na diretora de serviços, numa técnica superior, em duas secretárias, uma dactilógrafa e um contínuo, claramente insuficientes para os mais de 2.000 processos incorporados no final de cada legislatura.

Na visita efetuada, a Comissão encontrou, efetivamente, a documentação do AHP dispersa em três localizações. A primeira era nos Claustros, onde se encontrava a documentação proveniente das salas nºs 177 e 178 (anexas às instalações dos Serviços de Reprografia), que aguardavam transferência para a loja n.º 3 da Praça de São Bento. Esta documentação, que havia sido designada em Plenário pelo Presidente da AR de "papéis velhos", consistia não só em "Diários do Governo e Diário da República e outros documentos de que existem várias cópias", mas sim nos vários Diários Oficiais desde a Monarquia, em Processos Individuais, Folhas de Salários, Documentos manuscritos das assembleias eleitorais dos séculos XIX e XX e Livros. A segunda localização era as Lojas da Praça de São Bento, a n.º 1 contendo os Assuntos Eleitorais Monárquicos (AEM) e a n.º 2 os Assuntos Eleitorais da 1.ª República. Por fim, a terceira localização era a Sala anexa à Casa das Caldeiras, na qual a documentação se encontrava acondicionada e as medidas de segurança estavam em fase de instalação (alarme anti-roubo, teto falso e termo-higrógrafo), sendo as paredes de fibrocimento e a porta de acesso chapeada. A consulta da documentação era realizada na sala 2 da Biblioteca, sendo o transporte assegurado pelo pessoal de apoio, mas previa-se a instalação de uma sala de leitura anexa à Casa das Caldeiras.

Dois anos volvidos, a propósito de uma discussão sobre o Orçamento da AR, José de Magalhães, Deputado do PS, questiona em plenário[73] o Deputado do PSD, então Presidente do Conselho de Administração, Fernandes Marques, sobre a urgência da reinstalação do Arquivo Histórico face às respetivas condições de precaridade em que se encontrava tanto a documentação situada dentro do edifício, como a que estava no exterior. Na resposta, este refere que "não tem sido o Conselho de Administração que tem vindo a tomar decisões sobre o destino a dar aos diversos espaços que vão ficando disponíveis para utilização", mas que este tinha procurado em colaboração com a Conferência dos Representantes dos Grupos Parlamentares, criar condições para a utilização dos espaços disponibilizados. José Lello, Deputado do PS, refere, entre os investimentos a realizar a aquisição de novas instalações parlamentares (Edifício Novo). No ano seguinte, novamente a propósito do Orçamento da AR, José Manuel Maia, Deputado do PCP, realiza três reparos em plenário[74] sobre obras: as de adaptação da casa das caldeiras a bar dos funcionários; o "atraso na reinstalação do arquivo histórico, a qual é necessária e urgente devido às condições menos próprias em que este se encontra"; a eventual construção do Edifício Novo na Praça de São Bento.

Em 1996, o PS apresenta o Projeto de Deliberação n.º 12/VII[75], para a constituição de uma Comissão Eventual para a valorização do Património Histórico, Físico, Cultural e Artístico da Assembleia da República. Após aprovação em Plenário, esta iniciativa resulta na Deliberação nº 13-PL/96[76], a qual lista entre as suas várias incumbências a n.º 1-b), que consiste numa "avaliação das existências documentais da Assembleia da República, e do estado em que se encontram, em ordem à sua inventariação e divulgação, assim como das condições de acesso às mesmas por Deputados, funcionários e investigadores". A mesma incumbência não poderia deixar de constar no Regulamento da Comissão, publicado no DAR II Série-C, n.º 10, de 9 de dezembro de 1997, sendo a comissão composta por 18 deputados. Neste mesmo ano de 1997, o AHP vê-se envolvido no processo judicial sobre as viagens dos Deputados, que culmina no Despacho Final sobre o inquérito n.º 21 295/96 1 TD LSB, elaborado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal do Tribunal de Instrução Criminal[77]. No final, o processo acaba por ser arquivado, não sem deixar novamente patente a falta de condições no armazenamento da documentação, as falhas na sua descrição e catalogação: um processo em falta tinha sido encontrado "num atado de pastas e papéis avulsos do Sr. Dr. Sousa Barriga [antigo Secretário-Geral da Assembleia da República], provenientes do espaço por baixo das escadas que conduzem à galeria da sala do senado". De igual modo, desse Despacho consta uma síntese da audição da Chefia do AHP à época, através da qual temos um relato do estado em que continuava o arquivo. As incorporações de arquivo intermédio e histórico eram acompanhadas de guias de remessa e registadas num livro, mas a catalogação era parcial "em virtude do grande atraso existente no serviço de catalogação". 

A já acima mencionada Comissão Eventual para a valorização do Património Histórico, Físico, Cultural e Artístico da Assembleia da República veio a publicar o seu Relatório de Atividades de 1998[78], nele ficando referido a realização de duas reuniões com a presença da Diretora de Serviços de Documentação e Informação da AR, Maria José Silva Santos, uma com a responsável pelo AHP, Gabriela Gouveia, e outra com a técnica requisitada à Torre do Tombo, Eugénia Ribeiro da Costa. Os objetivos eram, respetivamente, apreciar a situação do serviço e trocar impressões sobre a apresentação do plano de reestruturação do AHP. De facto, a técnica Eugénia Costa tinha apresentado, com data de 30 de dezembro de 1998, um Diagnóstico da situação dos Arquivos da Assembleia da República[79]. Este documento é de grande relevância porque nos dá a descrição de como funcionava o AHP nesta data, quais as suas limitações e quais os recursos humanos que lhes estavam adjudicados.

Deste Diagnóstico desde logo se destaca o levantamento da documentação corrente e intermédia, incorporada pelo AHP que, na altura, correspondia a documentação oriunda da Divisão de Secretariado às Comissões, da Divisão de Apoio ao Plenário e da Divisão de Gestão Financeira, da Divisão de Recursos Humanos e de Comissões de Inquérito. Tal documentação remontava aos inícios dos anos 80 e encontrava-se mal-acondicionada (ou simplesmente empilhada no chão), em salas de trabalho (sem segurança) ou em salas interiores (com graves problemas de humidade e sem ventilação). Como tal, era documentação acumulada que necessitava de avaliação e seleção. A técnica responsável por este Diagnóstico constatou ainda que, apesar do AHP estar dotado, desde 1980, de uma Tabela de Avaliação Documental, esta seria bastante genérica e não seria aplicada.

Quanto à documentação histórica teria uma dimensão aproximada de 1500 metros lineares e o acervo do AHP é assim descrito: "o acervo do AHP é constituído pelos arquivos das Cortes – Câmara dos Deputados e Câmara dos Pares -, do Senado e do Congresso da República, da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa, da Assembleia Constituinte e da Assembleia de República. Relativamente ao período de atividade da AR, o AHP recebeu também em parte ou na totalidade os arquivos da Comissão Nacional de Eleições, dos extintos Conselhos de Informação, Conselho de Imprensa, Conselho da Comunicação Social e da Alta Autoridade contra a Corrupção". Faz-se ainda uma descrição de como se processava a aquisição / incorporação documentais, o seu tratamento arquivístico (ao nível da descrição e inventariação), organização, ordenação, cotação e referenciação e quais os IDDs (Instrumentos de Descrição Documental) em vigor. A documentação do AHP estava, na altura, dispersa entre o Palácio e o edifício da Av. D. Carlos I. No Palácio já ocuparia algumas das atuais salas do depósito, mas em condições ambientais pouco adequadas e com estanteria pouco apropriada: "o teor de humidade é altíssimo a tal ponto que a pintura das três salas que sofreram obras em 1997 está a soltar-se e cai do tecto como se de neve se tratasse". Quanto ao edifício da Av. D. Carlos I, onde estavam à data localizadas as salas de trabalho dos funcionários e a sala de leitura, a documentação estava dispersa em "três salas no 5.º piso, uma sala na Galeria, duas salas no piso 0, uma sala no piso -1 e outra no -2".

Em termos de recursos humanos, o Arquivo era nesta altura composto por 1 Técnica Superior, assessora, responsável pelo serviço; 1 Técnica Superior parlamentar de 1.ª classe da área de arquivo (que estaria na altura requisitada na Alta Autoridade para a Comunicação Social); 2 adjuntos parlamentares; 3 secretárias; 2 auxiliares administrativos, dos quais uma minoria tinha alguma formação em arquivo. Tal composição era claramente insuficiente, mas o Diagnóstico dá conta que teria sido aprovado um novo quadro de pessoal para a área de arquivo que previa 6 técnicos superiores parlamentares e 6 adjuntos parlamentares com formação específica.

O processo de atendimento ao público era bastante burocrático. Quer o utilizador fosse interno ou externo, o acesso aos documentos era sempre "precedido de um contato com a responsável pelo AHP que orienta o utilizador na consulta dos IDDs que estão acessíveis ao público. Como a maioria deles não está, é a própria responsável que faz a pesquisa das referências". Se o utilizador fosse externo, era necessário submeter um requerimento a solicitar autorização de acesso ao Secretário-Geral da Assembleia da República. De notar que, na década de 80, este era feito através de folhas de papel azul utilizadas à época para apresentar pedidos oficiais às instituições públicas. Esta era uma prática comum já desde os anos 80 e esteve em vigor até ao início do séc. XX.


Pedido de autorização para consulta de documentação do arquivo (1980) e Comunicação de autorização de consulta à documentação do AHP (maio de 1987). Cota AHP: AHP, cx. 2, mç. 7.

Perante a realidade que constatou, a técnica Eugénia Costa apresentou várias propostas relativamente ao acondicionamento (deixando sugestões específicas sobre o modelo e marca de papel de capilha e de caixas de cartão a adquirir) e descrição da documentação e apresentou também um modelo de regulamento de utilização da Sala de Leitura, de pedidos de reprodução de documentos e de requisições internas de documentação (pelos serviços produtores). Frisou ainda a importância da informatização do tratamento documental e a disponibilização de pesquisa documental através de bases de dados.

Consequência deste Diagnóstico e propostas, os anos de 1999-2001 são os anos que marcam a viragem do AHP no seu percurso de modernização, organização e reestruturação e que o colocam no bom trilho para se transformar no que é hoje. Prova disso é a Informação n.º 2/99/DSDI, de 6 de janeiro de 1999, feita pela Diretora Maria José Silva Santos e dirigida ao Gabinete da Secretária-Geral, onde se elencam os aspetos mais importantes do Diagnóstico e se destacam várias linhas prioritárias de ação. Assim, em 1999 procede-se à contratação de uma empresa, a GESTARQUIVOS[80], para proceder aos trabalhos preparatórios da transferência do acervo do AHP do edifício da Av. D. Carlos I para os depósitos definitivos, nomeadamente o reacondicionamento de cerca de 650 metros lineares de documentação, que deveria ser feito do seguinte modo:

  • Transferência dos documentos das atuais unidades de instalação (caixas de cartão deterioradas e embrulhos em papel craft) para novas caixas de cartão;
  • Identificação das Unidades de Instalação;
  • Encapilhamento de documentos cujo estado de conservação o justifique;
  • Higienização de documentos que apresentem sujidade em excesso;
  • Elaboração de listas de equivalência entre as referências das unidades de instalação atuais e futuras. As referências seriam constituídas por dois elementos (n.º da secção e n.º da caixa ou maço).

Este trabalho[81] foi efetivamente realizado pela mencionada empresa, entre 1 de julho e 1 de outubro de 1999, sendo que foram realizadas as seguintes tarefas:

  • Reacondicionamento e higienização da documentação AEM e da documentação das Secção I/II e Secção IX;
  • Higienização, acondicionamento e elaboração de plano orgânico-funcional dos arquivos do Conselho de Imprensa, dos Conselhos de Informação e Conselho de Comunicação Social;
  • Mudança de toda a documentação do edifício da Av. D. Carlos I para o Palácio de S. Bento.

  • Relatório das tarefas efetuadas no AHP da AR - 1999. Cota AHP: DSDIC, cx. 34, mç. 4.

    Relatório das tarefas efetuadas no AHP da AR - 1999. Cota AHP: DSDIC, cx. 34, mç. 4.

Este mesmo ano de 1999, foi também o ano em que, a partir de fevereiro, foram feitos estudos (nomeadamente pelo Instituto de José de Figueiredo) de análise e diagnóstico das condições ambientais das novas instalações do AHP (a saber, as atuais salas 5, 6 e 7). Na sequência destes estudos, foram instalados nas novas salas de depósito aparelhos desumidificadores e termohigrógrafos.

Não obstante estes avanços, no final do século XX, o PS apresenta o Projeto de Lei n.º 227/VIII: "Aprova medidas de modernização dos serviços da AR e cria novos meios de comunicação entre os deputados e os cidadãos (Segunda revisão da Lei Orgânica da AR)"[82], cujo preâmbulo elenca no n.º 2 uma lista de "disfunções" na organização dos serviços que inclui a seguinte: "há estruturas com assento legal, precioso espólio e muito magra expressão (Arquivo Histórico), atrasando perigosamente a eficaz preservação (v.g. digitalização) do património cultural de que o Parlamento é guardião". A iniciativa acaba por caducar em 2002 com o final antecipado da VIII Legislatura, tendo sido neste mesmo ano de 2000 feita, após a anuência do Grupo de Trabalho para os Assuntos Culturais e Editoriais, uma proposta da então Secretária-Geral da Assembleia da República, Adelina Sá Carvalho, dirigida ao Presidente da Assembleia da República, para a constituição de um grupo de trabalho constituído por três especialistas em Arquivística, a saber: Alfredo Caldeira (do Arquivo Mário Soares), Armando Malheiro da Silva (da Universidade do Minho) e José Pessoa (técnico de fotografia e radiografia de conservação). Este grupo de trabalho deveria "proceder à análise da situação geral dos arquivos da AR e, em especial, do seu Arquivo Histórico Parlamentar, propondo a adopção das medidas necessárias à resolução dos problemas que vier a enunciar, apresentando um quadro de prioridades de intervenção e respetiva calendarização. Esse grupo de trabalho deve, em especial, verificar a organização dos circuitos e metodologias de arquivo e classificação documental do Parlamento, os critérios de selecção, eliminação e transferência de suporte actualmente vigentes, a localização e situação de conservação das espécies fotográficas, as condições de instalação e de funcionamento do Arquivo Histórico."

Em 2001, o AHP é dotado de nova estanteria móvel para os seus depósitos (as 7 salas atuais do Palácio de S. Bento) e a tarefa de rearrumação da documentação nestas salas é concluída, sendo esta acondicionada em caixas de cartão próprias. De facto, 2001 é também o ano que marca um novo dinamismo no AHP. Após a chegada de uma nova Chefia ao AHP, Leonor Borges, e de técnicos e técnicos superiores experientes recrutados no Arquivo Nacional Torre do Tombo e outras instituições públicas[83], iniciam-se trabalhos de inventariação e catalogação da massa documental acumulada, mas também a elaboração de outros instrumentos de gestão do arquivo, como o Regulamento Geral do AHP (aprovado pelo Despacho nº 82/IX, DAR II Série-C, n.º 1, de 20 de setembro de 2003, pp. 3-8) e os Regulamentos de Arquivo dos Serviços da AR, aprovados e publicados entre 2001 e 2010. Estes instrumentos procuraram estabelecer regras sobre a avaliação, seleção e organização da documentação. Definem-se nesses Regulamento, para além das regras de gestão documental, tabelas de avaliação e seleção para cada serviço, com os tempos de conservação em cada fase de arquivo, o seu destino final e o seu envio para incorporação no AHP.


Regulamentos arquivísticos de várias direções e divisões de serviço publicados em Diário da Assembleia da República, II Série-C, n.º 11, de 29 de junho de 2002.

Regulamentos arquivísticos de várias direções e divisões de serviço publicados em Diário da Assembleia da República, II Série-C, n.º 11, de 29 de junho de 2002.

Diário da Assembleia da República, embora tivesse uma expressão digital desde 1996, é objeto, também nestes anos, de um ambicioso projeto de digitalização, numa parceria com a Universidade de Aveiro, passando a disponibilizar na internet o Diário Oficial do Parlamentarismo Português desde 1821, através da base de dados Debates Parlamentares. José Magalhães, Deputado do PS, refere em plenário [84] não só esse projeto como também a divulgação da documentação parlamentar desde o século XIX através do "arquivo Histórico Parlamentar digital" disponível na internet. Nesse mesmo debate discute-se também a dupla circulação dos documentos em papel e formato digital, bem como as oportunidades que as Tecnologias da Informação começavam a oferecer para a instituição. Assim, constata-se ainda ser desta altura o desenvolvimento da base de dados relativa ao Arquivo Histórico.

No Relatório e Parecer da Primeira Comissão[85] sobre o já acima mencionado Projeto de Lei n.º 243/IX (que esteve na origem da reestruturação orgânica de 2003), agora desprovida de considerações no seu preâmbulo, é parcialmente recuperada a consideração expressa no PJL nº 227/VIII, anteriormente citado, sobre o AHP e a documentação confiada: "Estruturas com assento legal, precioso espólio e muito magra expressão (caso do Arquivo Histórico, que tem levado a cabo importante trabalho de preservação digital do património cultural de que o Parlamento é guardião)". Como a comparação revela, em consequência destes 3 anos de trabalho da nova equipa do AHP, os Deputados deixam de considerar que a desatualização orgânica ia "(atrasando perigosamente a eficaz preservação (v.g. digitalização) do património cultural de que o Parlamento é guardião" para passar a considerar que essa mesma estrutura, embora ainda emagrecida, "tem levado a cabo importante trabalho de preservação digital do património cultural de que o Parlamento é guardião)". Porém, acrescenta mais adiante no texto que "há omissões gritantes (v.g. no tocante ao arquivo fotográfico e audiovisual, à edição em suportes não tradicionais, à comunicação moderna com o público, à capacidade de tocar as comunidades portuguesas no estrangeiro)".

De facto, relativamente aos suportes fotográficos, sonoros e audiovisuais, o trabalho de reflexão para a sua organização, recolha e preservação terá sido iniciado já em torno de 1996, como fica patente na Informação n.º 6/96/DSDI, de 17 de junho, da autoria da então Diretora de Serviços, Maria José Silva Santos[86]. Nesta informação é exposta a ideia de organizar o Arquivo Audiovisual, enquanto "unidade do AHP" e que englobasse as três vertentes documentais, a saber o Acervo Fotográfico, a Audioteca e a Videoteca. É de destacar o documento que foi enviado em anexo a esta Informação, intitulado "Breves notas sobre um Arquivo Audiovisual para a Assembleia da República", da autoria de Francisco Feio e que, na verdade, lançou as bases para a organização, na sua forma atual, das referidas vertentes documentais.

Sobretudo no que respeita à "Área de Imagem Fixa", que se preconiza o seguinte: "uma multiplicidade de suportes desde os fotográficos propriamente ditos, a impressões de carácter mecânico, álbuns fotográficos, etc. a recolha deste material passa pela reunião de todo um conjunto de imagens que existem quer do espaço quer da actividade parlamentar, que se encontram dentro e fora da Assembleia, pela pesquisa junto de outros arquivos e instituições de imagens relevantes para a memória parlamentar, pela compra de espécimes que por vezes surgem no mercado. É ainda de pensar num processo de implicação dos fotojornalistas que coabitem este espaço, com o arquivo. Todos os anos existe um número razoável de fotojornalistas que trabalham na Assembleia. Da sua actividade, resulta um elevado número de registos fotográficos aos quais só temos acesso, e em quantidade restrita, na imprensa. Não existem razões aparentes para que não lhes seja proposto um acordo no sentido de entregarem no final de cada legislatura um portfolio razoável, bem impresso, de uma selecção das suas melhores imagens (…). O interesse parece claro para ambas as partes: a Assembleia ganha um conjunto de imagens apreciável que aumentam regularmente o seu espólio e os autores ficarão aí representados e preservados para o futuro".

Foi nesta sequência que, pelo Despacho n.º 113/SG/96, de 2 de agosto[87], se determinou a inventariação do acervo fotográfico à guarda do AHP e que o Gabinete de Relações Públicas e Internacionais passou a ficar responsável "por fornecer à DSDI os conjuntos de fotografias e negativos relativos a cada ocasião, devidamente identificada e datada". Atualmente o Arquivo Fotográfico é composto por várias Coleções relevantes, de entre as quais se destacam as seguintes: Coleção Benoliel (1906-1923); Coleção do Estado Novo (1935-1966); Coleção Miranda Castela ([anos 50] -1986); Coleção do Gabinete de Relações Públicas e Internacionais (1978- ); Coleção do Museu (19[80]- ). Conta ainda com uma base de dados que é continuamente atualizada por técnicos do AHP que se dedicam à descrição e indexação das imagens que lhes chegam diariamente. Quanto ao Arquivo Audiovisual, data de 2003 o contrato com a Universidade de Aveiro para a "execução de um sistema de classificação, indexação e procura para o arquivo áudio e vídeo da AR". Este sistema resultou na atual base de dados que contém todas as reuniões plenárias desde 2005, devidamente indexadas e pesquisáveis.

Já as novidades da reestruturação orgânica de 2018 são várias, com uma remodelação da formulação das competências, fugindo ao modelo anterior de as expressar, o qual vinha desde os anos 1990. Assim, verificamos: a introdução da gestão do expediente da Assembleia da República, que anteriormente competia à Divisão de Recursos Humanos e Administração e a função de apoio à organização dos arquivos correntes dos SAR. Em termos práticos, o AHP tem, desde 2015, dado um novo salto qualitativo, nomeadamente com a aprovação (nesse ano) do Plano de Classificação da Assembleia da República e respetiva Tabela de Seleção. Tais Instrumentos de Gestão Documental têm sido, até à atualidade, alvo de constantes revisões e atualizações, passando em 2021 a incluir a produção documental das Comissões, que até então contava com um Plano de Classificação próprio. Já em 2020 foram atualizados os Regulamentos do AHP e devidamente publicados em DAR II Série-E, n.º 16, de 13 de fevereiro de 2020. Atualmente encontra-se em fase de implementação um Sistema Eletrónico de Gestão Documental e em fase de desenvolvimento um Plano de Preservação Digital, de modo a possibilitar a desmaterialização e gestão de todos os documentos oficiais (logo desde a sua criação); a classificação e a implementação de fluxos e circuitos de distribuição e aprovação destes documentos; a assinatura digital dos documentos e a automatização dos períodos de conservação e destinos finais da documentação.

Para além disso, o AHP tem, desde 2016, reforçado o seu quadro de pessoal com técnicos especializados (com formação superior em Arquivística) – Assessores e Técnicos de Apoio, o que lhe tem dado uma nova dinâmica de trabalho, sobretudo no respeitante à vertente de Comunicação e Divulgação (sobretudo através do site da Assembleia da República). De facto, hoje em dia, com o recurso às Tecnologias de Informação, o grau de acessibilidade à informação custodiada pelo AHP, por parte dos seus utilizadores, é bastante elevado. Sempre com o objetivo de preparar o AHP para os constantes desafios do séc. XXI, existem vários canais à disposição para contactar o AHP e para aceder remotamente às bases de dados de pesquisa. Assim, os utilizadores (tanto internos, como externos, podem contactar e aceder ao AHP das seguintes formas:

Atendimento personalizado na Sala de Leitura / Contacto através de email ou telefone


AHP

 

Website do AHP

No website do AHP, o utilizador pode encontrar informações úteis, tais como o horário de funcionamento da sala de leitura, os regulamentos de acesso à documentação e à sala de leitura e de reprodução de documentos. Pode aceder à História do AHP e do Parlamentarismo em Portugal (através de vídeos informativos), pode consultar a listagem e respetiva descrição dos Fundos e Coleções à guarda do Arquivo Histórico e do Arquivo Fotográfico. Pode ainda aceder ao Guia de Fundos do AHP (em formato digital e que conta com atualizações permanentes).


AHP site

 

Pode ainda explorar com mais pormenor a riqueza documental do AHP, através da Rubrica "Documentos em Destaque" e das Exposições Virtuais "Percursos", que já conta com quatro edições, a saber: ConstituiçõesRainha D. Maria IIEpidemias e o Parlamento e "Empowering Archives" - Colaboração e networking na Assembleia da República.


Bases de Dados disponíveis online

  • Debates Parlamentares - Base pesquisável que contém a digitalização das Atas das sessões dos quatro períodos constitucionais: Monarquia (1821-1910), 1.ª República (1911-1926), Estado Novo (1935-1974) e 3.ª República (1975-).
  • Arquivo Histórico - Base onde se pode pesquisar os documentos produzidos e recebidos pelas diferentes instituições parlamentares no decorrer da sua atividade, desde 1821 até à atualidade.
  • Arquivo Fotográfico - Base onde se pode pesquisar as coleções e reportagens que contém fotografias históricas obtidas no decurso da atividade parlamentar, integrando diversas temáticas políticas, culturais e patrimoniais.
  • Arquivo Audiovisual - Base pesquisável que contém os registos audiovisuais integrais das sessões plenárias a partir da X Legislatura – 2005.

 

Numa perspetiva mais generalista de divulgação e abertura do AHP ao público em geral (e não apenas aos seus utilizadores), o Arquivo integra, desde há vários anos, a iniciativa "Parlamento de Portas Abertas", no âmbito das comemorações do 25 de abril e as "Jornadas Europeias do Património". Estas são as duas ocasiões em que o Palácio de S. Bento abre as suas portas aos cidadãos, que podem circular no seu interior e visitar os seus espaços. Nestes dias, o público passa também pela Sala de Leitura do Arquivo e também pelos seus corredores de trabalho. O AHP é também visitado no último sábado de cada mês, quando o Palácio de S. Bento se encontra aberto ao público, mediante visitas guiadas. Neste âmbito, a Sala de Leitura do AHP acolhe igualmente exposições temporárias, sempre preparadas com materiais provenientes do acervo deste Arquivo e que têm como objetivo dar a conhecer aos nossos leitores as peças mais emblemáticas deste mesmo acervo. Por exemplo, entre as últimas exposições temporárias, pode destacar-se uma exposição de documentos e peças pertencentes a espólios de Parlamentares ou funcionários parlamentares que foram doados por familiares ao AHP.

                      

CHEFIAS AHP

Maria das Maria das Dores Lopes da Silva, 197?-1980

1980 (DAR IIs-C nº 15, 3 de abril de 1997, pág. 148) ou 2/7/1987 (DAR IIs-C 15, 11 de fevereiro de 1989, pág. 446) - janeiro de 1994 Maria Teresa Teixeira dos Reis Lopes

199?- 1/4/2001 (Louvor n.º 1509/2002) Maria Gabriela Robalo Gouveia

1/4/2001(Despacho n.º 8470/2001) – 19/2/2008 Leonor Faria Calvão Borges

19/2/2008 (Despacho (extracto) n.º 6432/2008) – […] Maria Manuela Castelo Branco Neves Ferrão Sousa Magalhães

 

DIRETORES (DSDIB/DSDI/DSDIC/DIC)

1978-1979 Raul Mota Pereira de Campos

[?]

1985-1992 Alda Cabral B. Oliveira Gaspar

1992 - Maria Leonor Gomes

1993-1995 António Manuel Ferreira Martins

1996-1999 Maria José Silva Santos

2000-2019 Rui José Pereira Costa

2019-[…] José Manuel Araújo


[59] Maria das Dores Lopes da Silva, Resumo Histórico da Biblioteca, do Arquivo e do Museu da Assembleia da República, Lisboa: Assembleia da República, 1977, pp. 10-12.

[60] De salientar que esta Reportagem provocou um pedido de esclarecimentos a Maria das Dores por parte do então Secretário-Geral substituto, Sousa Barriga, e que ela, identificando-se já não como bibliotecária-arquivista, mas sim como Técnica Superior Principal (tendo saído já da Biblioteca e estando no Arquivo), presta os esclarecimentos solicitados. Ver Cota AHP: GABSG, cx. 164, mç. 10.

[61] Ver Cota AHP: GABSG, cx. 139, mç. 5.

[62] Ver Cota AHP: GABSG, cx. 164, mç. 10.

[63] Ver Cota AHP: GABSG, cx. 164, mç. 10.

[64] Ver DAR, n.º 16, de 15 de fevereiro de 1980, pp. 616-617.

[65] Ver Cota AHP: GABSG, cx. 99, mç. 1, docs. 202-214.

[66] Ver Cota AHP: AHP, cx. 5, mç. 2.

[67] Na verdade, o quadro de pessoal da DSDI em 1988 (ver Decreto n.º 88/V, DAR IIª Série, n.º 79, Supl., de 27 de maio de 1988) previa especificamente um lugar de conservador para o AHP e, genericamente, o seguinte pessoal BADI (Biblioteca, Arquivo, Documentação e Informação) para os vários serviços: 16 técnicos superiores, 10 técnicos adjuntos e 6 técnicos auxiliares. Sendo que só no início de 1989 é publicado (DAR II Série-C, n.º 14, de 11 de fevereiro de 1989, pág. 446) um aviso do Diretor-Geral de Administração e Informática, cumprindo despacho de 28 de julho de 1988 do Presidente da Assembleia da República e promovendo Maria Teresa Teixeira dos Reis Lopes a assessora (conservadora do Arquivo Histórico Parlamentar), com efeitos a 2 de julho de 1987. Concretamente, e por Despacho n.º 13/SG/88, de 26 de outubro de 1988 (ver Cota AHP: GABSG, cx. 99, mç. 1, doc. 67), na sequência da reorganização orgânica da AR pela Lei n.º 77/88, foram afetas ao Arquivo-Histórico Parlamentar as seguintes funcionárias: Assessora (Dr.ª Maria Teresa T. Reis Lopes), Técnica Auxiliar Principal (Aldina do Carmo Ladeira), Secretária Doc. Inf. Principal (Luísa Maria J. Alves C. da Silva), Secretária Doc. Inf. 2.ª Classe (Maria de Fátima Belém Simões).  

[68] Não obtivemos informação na documentação que corroborasse o fecho do AHP durante dois anos. Mas existe sim um Aviso, de 12 de janeiro de 1989, do Secretário-Geral da AR, Fernando Augusto Simões Alberto, que determina "Por motivo de mudança das instalações do Depósito do AHP fica suspensa, até que aquela mudança se concretize, a consulta por parte dos utentes exteriores à Assembleia da República". Cota AHP: GABSG, cx. 99, mç. 1.

[69] Ver Cota AHP: GABSG, cx. 99, mç. 1.

[70] Ver DAR, n.º 29, de 20 de janeiro de 1989, p. 1031.

[71] Idem, p. 1039.

[72] Ver DAR II Série-C, n.º 17, de 8 de abril de 1989, pp. 464-465.

[73] Ver DAR I Série, n.º 39, de 13 de março de 1992, pp. 1204-1205.

[74] Ver DAR I-Série, n.º 28, de 13 de janeiro de 1993, pp. 1022-1023.

[75] Ver DAR II Série-A, n.º 47, de 7 de junho de 1996, pp.924-925.

[76] Ver DAR II Série-A, nº 49, de 14 de junho de 1996, pág. 955.

[77] Ver DAR II Série-C, n.º 15, 3 de abril de 1997.

[78] Ver DAR II Série-C, n.º 29, de 5 de julho de 1999, pp. 179-180.

[79] Cota AHP: DSDIC, cx. 35, mç. 2.

[80] Ver processo de contratação na cota AHP: DSDIC, cx. 37, mç. 8.

[81] Ver Relatório das tarefas. Cota AHP: DSDIC, cx. 34, mç. 4.

[82] Ver DAR II Série-A, n.º 48, de 12 de junho de 2000, pp. 1625-1633.

[83] De facto, em 2003, na sequência da abertura de um concurso, foram recrutadas 3 adjuntas parlamentares de 1.ª classe da área de arquivo. Ver Despacho n.º 5106/2003 publicado em D.R. II Série, n.º 64/2003, de 17 de março de 2003, p. 4227.

[84] Ver DAR I Série, n.º 87, de 14 de fevereiro de 2003, pp. 3678-3679.

[85] Ver DAR II Série-A, n.º 100, de 5 de junho de 2003, pp. 4054-4060.

[86] Ver cota AHP: DSDIC, cx. 31, mç. 5.

[87] Idem.


5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como fica patente no anteriormente exposto, estes 200 anos de Arquivo Parlamentar foram marcados por frequentes alterações orgânicas ao seu enquadramento na instituição, que originavam e refletiam alterações no meios disponíveis e na sua capacidade de funcionamento. Começando com a liderança de um Deputado Constituinte de 1821, João Vicente Pimenta Maldonado, o arquivo atravessa esse período conturbado das décadas de 1820 e 1830 com uma certa relevância na orgânica, e com responsabilidades acrescidas enquanto Subinspetor das Cortes. Porém, a partir da década de 1840, sucessivas alterações orgânicas vão atirando o Arquivo para níveis hierárquicos inferiores e, embora o número de funcionários das Cortes vá aumentando, o número de funcionários do arquivo vai diminuindo.

Com a Revolução Republicana de 1910 a situação do arquivo parlamentar não melhora, vindo inclusive a agravar-se após o Golpe Militar de 28 de maio de 1926, com falta de meios técnicos e humanos. Sucessivas exposições dos responsáveis pelo Arquivo transparecem as dificuldades em cumprir as competências atribuídas com o pouco pessoal disponível. Funcionários que, recordemos, não tinham formação nem trabalhavam em exclusividade no arquivo - pois frequentemente eram requisitados temporariamente a outros serviços durante as pausas dos trabalhos parlamentares. Assim, o número de efetivos de pessoal disponível atinge o nível mais baixo de sempre no final da Primeira República e durante a Ditadura Militar, nas décadas de 1920 e 1930. Na segunda metade da década de 1930, a Assembleia Nacional do Estado Novo aglomera organicamente num único serviço a biblioteca, o arquivo, o museu e as edições. O aumento do pessoal disponível permite executar as tarefas regulamentarmente acometidas, bem como algumas participações em exposições que merecem louvores da Direção da Assembleia Nacional, voltando esta área a recuperar alguma influência junto da mesma. Neste sentido, entre 1936 e 1941, e depois entre 1964 e 1970, Carlos Celestino Corado e Joaquim Rosado Carmelo Rosa são nomeados substitutos do Secretário da Assembleia Nacional, recuperando a importância hierárquica de que dispunha Vicente Maldonado na década de 1830. Neste contexto, este serviço consegue cumprir o essencial das suas competências relativamente à documentação do arquivo, reorganizando-a em Secções, continuando a catalogação e elaborando diversos instrumentos de divulgação de informação legislativa e parlamentar que ainda hoje se encontram disponíveis na sala de leitura do Arquivo Histórico Parlamentar. No essencial, a missão do Arquivo Parlamentar foi sempre cumprida, apesar da falta de meios e recursos humanos.

As constantes mudanças de instalações, a falta de espaços, e por vezes de cuidados com a documentação, resulta transparente em diversos relatos durante o século XX, continuando a afligir a instituição mesmo nos anos 1980. É nesta altura que os próprios Deputados começam a pressionar para uma melhoria das condições do Arquivo e da sua Documentação. Neste contexto, assistimos ao estudo e preparação de alterações profundas, com a dotação dos meios técnicos e humanos que permitiram desencadear uma mudança de fundo no arquivo parlamentar. Assim, vamos assistir, nestas décadas iniciais do século XXI, à transformação de um arquivo parlamentar fechado ao público – mas que cumpriu o essencial da sua missão, fazer chegar até aos dias de hoje os documentos produzidos e recebidos pela instituição -, num arquivo parlamentar aberto ao público que procura não só conservar, mas também divulgar ativamente a massa documental acumulada de 200 anos de parlamentarismo português. Para isso abre a sua sala de leitura ao público geral, organiza e participa em múltiplas exposições abertas ao público, recorre à internet para permitir o acesso, por investigadores e cidadãos interessados, aos documentos históricos digitalizados, vídeos e fotografias que testemunham a rica história parlamentar portuguesa. Estas mudanças que vão ocorrendo ao longo destes 200 anos transparecem dos próprios Regulamentos, que se vão densificando e alargando o espectro das competências atribuídas, refletindo o avolumar das expectativas face ao desempenho do Arquivo Parlamentar e finalmente a sua abertura ao público.

Os documentos históricos, de vários suportes, que constituem o acervo do Arquivo Histórico Parlamentar têm sido valorizados pelos investigadores que estudam múltiplas abordagens históricas: desde a história de Portugal e das suas antigas colónias (hoje países soberanos cuja história é inseparável da nossa nesses períodos), passando claro pela história da Instituição e dos seus parlamentares, até à história regional e local – autárquica e empresarial.