Retrato de D. Luís
Pintado por José Rodrigues em 1866, este quadro do rei D. Luís obedece a uma tipologia de retrato régio de corpo inteiro, num interior palaciano indefinido e resumido a reposteiros com breve apontamento de vista para o exterior, apresentando o monarca com farda de gala e capa de arminho. Esta representação do rei como militar, reflete um conceito de nobreza caracterizado pelo revivalismo medieval romântico.
Com efeito, o primo inter pares desta camada social deveria ser o seu excélcio representante também na principal atividade que exercia e a justificava até ao período dos Descobrimentos: a guerra. Porém, o aparato da farda de gala distingue-o dos súbditos, afirmando o seu lugar no topo da pirâmide hierárquica como chefe social e militar. Na sala, o quadro sobressai pela localização - ponto de convergência dos olhares dos presentes -, pela monumentalidade das dimensões, pelo aparato e pelo cromatismo baseado nas três cores primárias reunidas tanto na figura como no fundo (amarelo das divisas e galões, vermelho da facha e cortina de fundo, e azul do casaco e céu).
A tela encontra-se enquadrada por uma moldura com as armas reais, em madeira de cedro talhada e dourada por Leandro Braga, segundo modelo de Anatole Calmels, e foi inserida numa estrutura da mesma madeira, igualmente esculpida, simulando panejamento de pele de arminho (drap d'honeur) suportado por dois efebos alados (Génios da Realeza e da Justiça, identificados pelos cetros) e encimado pela coroa régia.
Em 1910, com a implantação da República em Portugal, este símbolo da monarquia foi substituído pelo escudo português na esfera armilar, rodeada de carvalho, que hoje se observa.