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Arquivo Tomé de Barros Queiróz

Este espólio documental é resultante da atividade política, social e profissional de Tomé José de Barros Queiróz. Em agosto de 2023, esta documentação foi doada pelos seus herdeiros ao Arquivo Histórico Parlamentar e fica agora disponível aos nossos utilizadores.

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Fotografia miniatura a preto e branco da fachada da Loja José d'Oliveira & Barros, com a anotação
Fotografia miniatura a preto e branco da fachada da Loja José d'Oliveira & Barros, com a anotação "A Loja nos Anos 30 ou 40"

Tomé José de Barros Queiróz (1872-1926) foi um empresário e político republicano do período da Primeira República Portuguesa que, entre outras funções políticas, exerceu os cargos de Deputado, Ministro das Finanças, Ministro da Instrução Pública e Presidente do Ministério. Foi também membro da Maçonaria.

Natural do lugar de Quintãs, freguesia de São Salvador, Ílhavo, nasceu a 2 de fevereiro de 1872 e veio a falecer em Lisboa, onde viveu a grande parte da sua vidam em 5 de maio de 1926.

Era filho de António José de Barros e de Matilde da Conceição Queiroz (irmã do Desembargador Joaquim José de Queiroz, chefe da revolução liberal de 1828 e avô do romancista Eça de Queiroz), sendo assim, pelo ramo materno, pertencente a uma família de grandes tradições liberais.

Recorte do jornal «A Voz Pública», de 13 de setembro de 1925 -
Recorte do jornal «A Voz Pública», de 13 de setembro de 1925 - " Serviços da C.P.. A acção do sr. Barros Queiróz tem-se feito sentir por forma benéfica e progressiva". Cota AHP: ATBQ, cx. 4, mç. 8

Mudou-se para Lisboa aos 8 anos de idade tendo começado a trabalhar como caixeiro numa casa comercial (a casa Costa & Costa). Em 1887, foi admitido, como empregado da casa comercial José de Oliveira, no Largo de S. Domingos, casa dedicada à comercialização de candeeiros a gás, petróleo e azeite. Em 1891, com 19 anos de idade foi promovido a gerente desta firma e, em 1902, foi convidado para ser sócio, passando a firma a chamar-se "José d'Oliveira & Barros". Quando José de Oliveira faleceu, em 1 de outubro de 1911, Tomé de Barros Queiróz torna-se dono desta casa comercial e a firma passa a chamar-se Tomé José de Barros Queiróz, empresa em nome individual de responsabilidade ilimita.

Foi primeiramente um autodidata, e apenas com 22 anos (em 1894) presta exame para ser admitido na Escola Elementar do Comércio de Lisboa e é aprovado com uma avaliação de 16 valores, tendo frequentado esta Escola até 1897. Cedo se envolveu nas lutas operárias apoiadas pelos republicanos e foi um dos promotores da criação da "Associação dos Caixeiros Nocturnos de Lisboa", ligando-se por essa via à imprensa, colaborando no periódico "O Caixeiro" e sendo o fundador de "A Voz do Caixeiro". Ainda na linha da sua carreira comercial/empresarial, foi membro da direção da Companhia do Boror e co-fundador e diretor da Mutualidade Portuguesa. Mais tarde seria nomeado sucessivamente vogal, vice-presidente e presidente do conselho de administração da empresa dos Caminhos-de-Ferro Portugueses. Foi também presidente do Conselho Disciplinar do Ministério das Finanças.

Relativamente à sua faceta política, Tomé de Barros Queiróz aderiu ao republicanismo, tornando-se militante do Partido Republicano Português em 1888 e rapidamente ascendeu a lugares cimeiros na direção daquele partido. Manter-se-ia sempre no campo ideológico dos republicanos liberais, militando nos diversos partidos que ocuparam aquela região do espectro ideológico. Eleito em listas republicanas foi, entre 1908 e 1911, presidente da Junta de Freguesia de Santa Justa e vereador da Câmara Municipal de Lisboa. Com a cisão do Partido Republicano Português após a proclamação da República Portuguesa, integrou o Partido Unionista, onde militou entre 1911 e 1919. Integrando as listas daquele partido, foi eleito deputado pelo círculo de Lisboa, e depois pelo de Torres Vedras, ocupando os cargos de presidente da Comissão de Reforma Aduaneira e Serviços Fiscais. Em 4 de abril de 1911 foi nomeado também secretário-geral e diretor-geral da Fazenda Pública, cargo em que foi o principal autor da reforma tributária desse ano. 

Como deputado por Torres Vedras, no mandato de 1911 a 1915, foi escolhido para vice-presidente da Câmara dos Deputados, apresentando então um parecer, à época considerado excecional, sobre a Lei de Meios de 1912–1913 (o orçamento do Estado à altura).


Cópia da Portaria de 25 de novembro de 1912, que nomeou a comissão para estudar a situação atual das relações comerciais de Portugal com o Brasil, indicando a lista dos seus membros. Tomé de Barros Queiróz foi membro desta Comissão, na qualidade de Deputado da Nação. Cota AHP: ATBQ, cx. 4, mç. 12.


Em 1912 iniciou-se na Maçonaria, na loja Acácia, de Lisboa, adotando o nome simbólico de «Garibaldi». Na sequência da revolução de 14 de maio de 1915, aceita o lugar de ministro das Finanças, cargo que exerceu até 18 de junho de 1916.

 Proposta de Lei criando o Imposto Geral sobre os Rendimentos, apresentada, por Tomé de Barros Queiróz, Presidente do Ministério e Ministro das Finanças, em sessão da Câmara dos Deputados a 3 de agosto de 1921 (vide Diário da Câmara dos Deputados, n.º 3, de 03-08-1921, pp. 5-7). Cota AHP: ATBQ, cx. 1, mç. 2.
Proposta de Lei criando o Imposto Geral sobre os Rendimentos, apresentada, por Tomé de Barros Queiróz, Presidente do Ministério e Ministro das Finanças, em sessão da Câmara dos Deputados a 3 de agosto de 1921 (vide Diário da Câmara dos Deputados, n.º 3, de 03-08-1921, pp. 5-7). Cota AHP: ATBQ, cx. 1, mç. 2.

Voltou ao Governo como presidente do Ministério (o título do primeiro-ministro da época), acumulando com a sua antiga pasta das Finanças entre no período entre 24 de maio e 30 de agosto de 1921. 

O seu curto mandato à frente do governo português ficou marcado pela profunda crise financeira do Estado e por uma tentativa desesperada de recorrer ao crédito externo, através da contração de um empréstimo de 50 milhões de dólares nos Estados Unidos. Este empréstimo, anunciado como salvador pelo líder republicano Afonso Costa, acabou por não se materializar, o que conduziu à queda do Governo e ao descrédito das instituições da Primeira República, sendo uma das causas do aumento da instabilidade social e política que levaria ao golpe de 28 de Maio de 1926.

Em 1922 foi eleito deputado pelo círculo açoriano da Horta, reingressando nesse mesmo ano pelo círculo de Lisboa, mantendo-se no parlamento até 1924, sendo que a partir de 1923 passou a militar no Partido Republicano Nacionalista.

Faleceu em Lisboa a 5 de maio de 1926, já em pleno final da Primeira República Portuguesa de que fora um dos fundadores.

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Esta coleção, para além da documentação descrita nas séries, contém documentos fotográficos que foram integrados no Arquivo Fotográfico e devidamente descritos e cotados. Contém ainda documentação posterior à vida de Tomé de Barros Queiróz e que foram integrados no espólio pelos seus descendentes, pela sua relevância para a compreensão da sua vida e obra.

Pode ser consultada online, na base de dados do Arquivo Histórico Parlamentar, através do seguinte link: Arquivo Histórico (parlamento.pt)


Autoria: Ana Margarida Rodrigues (AHP).