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Exposição "Mulheres que mudaram a vida política em Portugal

De 8 a 31 de março, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, está patente na Livraria Parlamentar uma exposição sobre catorze mulheres que assumiram protagonismo na história política e parlamentar.

Horário: 10h00 -13h00  | 14h00 -18h00


Assunção Esteves

Maria da Assunção Andrade Esteves nasceu em 1956, em Valpaços, Vila Real.

Desde cedo, o seu percurso passou pela política, tendo aderido à JSD em setembro de 1974, no PSD de Chaves. Destaca-se, sobretudo, por ter sido a primeira mulher Presidente da Assembleia da República, tendo sido eleita deputada, pela primeira vez, em 1987. Presidiu à Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias entre 2002 e 2004, ano em que foi eleita deputada ao Parlamento Europeu, e ao Movimento Europeu Portugal entre 2007 e 2011. Atualmente é Conselheira de Estado.

Formada em Direito e Ciências Jurídico-políticas, foi, em 1989, a primeira mulher juíza do Tribunal Constitucional, eleita com 33 anos.

«Não é bem uma comemoração ritualista [o Dia Internacional da Mulher]: a afirmação dos direitos da mulher denota sempre uma ligação aos fundamentos da própria democracia.» Diário da Assembleia da República, I Série, V legislatura, n.º 49, p. 1763, 09-03-1989.

«Nós, os Deputados, somos portadores de um mandato que se gera na igualdade e na liberdade, damos corpo a um poder que se forma na moral universal que dita os critérios da justiça.» Diário da Assembleia da República, I Série, XII legislatura, n.º 2, p. 10, 22-06-2011.

«Assente que é nos direitos fundamentais, o discurso democrático é, assim, inseparável daquele que defende para as mulheres um estatuto de plena igualdade, é o seu suporte fundamental, a negação da lógica e da eficácia de qualquer posição automarginalizante.» Diário da Assembleia da República, I Série, V legislatura, n.º 49, p. 1763, 09-03-1989.

«Dedico este meu momento de alegria a todas as mulheres. Às mulheres políticas que trazem para o espaço público o valor da entrega e a matriz do amor, mas, sobretudo, às mulheres anónimas e oprimidas.» Diário da Assembleia da República, I Série, XII legislatura, n.º 2, p. 11, 22-06-2011.



Carolina Beatriz Ângelo (1879 – 1911)

Carolina Beatriz Ângelo
[Leg. 2] 

Nasceu na Guarda, em 1879. Em 1902, formou-se em medicina, especializando-se, mais tarde, em ginecologia. A partir de 1906, envolveu-se na luta pelos direitos das mulheres, tendo sido dirigente da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas a par com Ana de Castro Osório, também ela uma figura incontornável do feminismo português.

A sua vida foi sempre pautada pela participação política, com a propagação dos ideias republicanos e o movimento sufragista da altura. Em 1907, integrou o Grupo Português de Estudos Feministas e, em 1908, a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. Pertenceu à maçonaria, tornando-se Venerável da Loja Humanidade. Juntamente com Adelaide Cabete, confecionou a bandeira republicana que seria hasteada no dia 5 de Outubro de 1910.

Por ocasião das primeiras eleições de 1911, Beatriz Ângelo fez um requerimento, pedindo para ser inscrita nos cadernos eleitorais. Tendo mais de 21 anos, sendo chefe de família e instruída, constatava ter direito a votar, de acordo com a legislação vigente, que era omissa em relação à questão do género dos que preenchiam os requisitos para ser eleitores. Como seria esperado, o seu pedido foi rejeitado, o que a fez levar a causa a tribunal. Quem presidiu à audiência foi o Juiz João Batista de Castro, pai de Ana de Castro Osório, que emitiu parecer favorável.

Pela sua coragem e por preencher os requisitos legalmente previstos, adquiriu o direito ao voto nesse ano, tornando-se notícia pela Europa, onde ainda se davam os primeiros passos na causa do sufrágio feminino. Tornou-se um marco na história das mulheres e da sua luta pelo direito ao voto, à inclusão social e ao direito de participação na vida política.

Morreu nesse mesmo ano, a 13 de outubro, com 33 anos. Apesar da importância do seu caso, a política, que se fazia no masculino, foi diligente na alteração legislativa para que não existisse ambiguidade alguma quanto ao género de quem cumpria os critérios para poder votar. Como teria sido a luta feminina em Portugal se esta mulher, em particular, não tivesse imposto a sua vontade?

«Queremos que a lei eleitoral nos permita votar e podermos ser eleitas, a fim de termos representação parlamentar. […] Trata-se da maior garantia de liberdade e justiça que a mulher pode alcançar – a representação parlamentar.» Maria Regina Tavares de Lima, Carolina Beatriz Ângelo: (1877-1911), Lisboa: [Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres], 2005.



Helena Roseta


[Leg. 3] 

Helena Roseta nasceu em Lisboa, em 1947, e fez o curso de Arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Frequentou a Juventude Escolar Católica e foi aí que se deparou, por diversas vezes, com as consequências de se manifestar contra o regime instituído pelo Estado Novo. Foi detida pela PIDE em 1973.

Em 1975, iniciou o seu percurso como deputada, primeiro à Assembleia Constituinte e, posteriormente, à Assembleia da República de 1976 a 2015. Inicialmente pelo PSD, e, mais tarde, pelo PS, chegando a ser dirigente nacional do partido.

Foi vereadora na Câmara Municipal de Lisboa, em 1976, e presidente da Câmara Municipal de Cascais de 1982 a 1985, candidata pelo PSD.

Foi diretora de dois jornais: Povo Livre (jornal do PSD) e Jornal Novo (jornal de Lisboa) e fundadora da IF – Intervenção Feminina, enquanto voz ativa nas questões da Interrupção Voluntária da Gravidez e da Paz em Timor-Leste.

Helena Roseta desenvolveu uma forte relação de amizade com Natália Correia. De facto, além de ter sido sua madrinha de casamento, foi gerente do bar Botequim, entre 1991 e 1993, e ficou encarregada do espólio da poetisa a partir de 1997.

«Sempre que convidei mulheres para uma lista, a primeira pergunta era sempre a mesma: "para fazer o quê?" Os homens começam por perguntar "para que lugar?"» Alexandra Telles "Quando a política tinha as portas fechadas às mulheres, ela forçou-as e entrou" [Em linha]. [Consult. em 15 de fevereiro de 2023]. Disponível aqui.

«Temos tido várias mulheres muito competentes, à esquerda e à direita.» Alexandra Telles "Quando a política tinha as portas fechadas às mulheres, ela forçou-as e entrou" [Em linha]. [Consult. em 15 de fevereiro de 2023]. Disponível aqui.



Heloísa Apolónia

[Leg. 4]

Heloísa Apolónia nasceu em 1969, licenciou-se e é mestre em Direito. Jurista de profissão, desde cedo se interessou pelas questões ecológicas. Tornou-se o rosto do partido "Os Verdes", tendo sido deputada à Assembleia da República durante 14 anos, de 1991 a 2015.

Além da militância pela ecologia, foi uma das vozes mais fortes no apelo à igualdade de género, debatendo a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo e as condições precárias das mulheres em ambiente de trabalho e denunciando questões como a desigualdade salarial.

Apresentou-se, em 2017, como candidata da CDU - Coligação Democrática Unitária (PCP-PEV) à Câmara Municipal de Oeiras. Nas eleições legislativas de 2019 concorreu como cabeça de lista da CDU, não tendo sido eleita.

«[…] é por isso que Os Verdes aproveitam esta intervenção, a propósito dos votos do Dia Internacional da Mulher, para saudar todas, todas, as mulheres que, no dia a dia, lutam por mais direitos, por mais igualdade, por dignidade, quantas vezes com tantas e tantas adversidades.» Diário da Assembleia da República, I Série, XIII legislatura, nº 58, p. 36, 10-03-2018

«As mulheres ainda são bastante vítimas de assédio sexual no local de trabalho, ainda são as maiores vítimas de pobreza, as maiores vítimas de violência, as maiores vítimas da prostituição e do tráfico de seres humanos.» Diário da Assembleia da República, I Série, XIII legislatura, n.º 58, p. 37, 10-03-2018

«Importa também realçar que, no ano de 2011, em 37 anos de democracia, o Parlamento português elege pela primeira vez uma mulher para presidente da Assembleia da República. Isto não é de somenos importância e vamos voltar, seguramente, a debater neste Hemiciclo o papel da mulher na participação na vida pública, como já discutimos anteriormente.»  Diário da Assembleia da República, I Série, XII legislatura, n.º 2, p. 14, 22-06-2011.



Leonor Beleza

[Leg. 5]

Leonor Beleza nasceu no Porto, em 1948, e licenciou-se em Direito, em 1972. Em 1993, foi admitida à Ordem dos Advogados.

Foi membro da Comissão da Condição Feminina, de 1975 a 1982, e presidente do Comité para a Igualdade entre as Mulheres e os Homens do Conselho da Europa, de 1979 a 1983.

Foi nomeada, pelo PSD liderado por Francisco Pinto Balsemão, Secretária de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, de 1982 a 1983; de 1983 a 1985, Secretária de Estado da Segurança Social e tornou-se a primeira mulher Ministra da Saúde, de 1985 a 1990, no governo chefiado por Cavaco Silva.

Foi deputada entre 1983 e 2002, sendo vice-presidente da Assembleia da República de 1991 a 1994 e de 2002 a 2005.

Atualmente é presidente da Fundação Champalimaud, por decisão do próprio em testamento.

«Quero aqui deixar claro que repudiamos todas as sugestões de tornar os preconceitos em doutrinas. Repudiamos todas as hipóteses de que a dupla tarefa se possa converter numa bandeira contra os direitos das mulheres.» Diário da Assembleia da República, I Série, IX legislatura, n.º 100, p. 5432, 25-06-2004.

«[...] a segunda preocupação é evitar a discriminação, até onde isso é possível, através de uma regulamentação que só em relação aos aspetos biológicos admite um tratamento diferente entre as mulheres e os homens. Em relação a todos os outros aspetos o tratamento é comum às mulheres e aos homens e em particular às mães e aos pais.» Diário da Assembleia da República, I Série, III legislatura, n.º 55, p. 2249, 09-03-1985.



Manuela Ferreira Leite

Manuela Ferreira Leite
[Leg. 6]

Manuela Ferreira Leite nasceu em Lisboa, em 1940 e licenciou-se em economia.

Foi chefe de gabinete de Cavaco Silva, em 1980, quando este desempenhava as funções de Ministro no Governo de Francisco Sá Carneiro.

Em 1985, tornou-se militante do PSD. Em 1990, assumiu a Secretaria de Estado do Orçamento e, entre 1993 e 1995, o Ministério da Educação, numa altura de grande contestação, tendo sido, pelo seu perfil austero, apelidada de "Margaret Thatcher".

Foi eleita deputada à Assembleia da República em 1995 e, em 1999, presidente da Comissão Parlamentar de Economia, Finanças e Plano. Foi também a primeira mulher líder de um Grupo Parlamentar (PSD), entre 2001 e 2002,

Em 2002, foi nomeada Ministra de Estado e das Finanças, tendo, também aqui, sido a primeira mulher portuguesa a assumir estas funções.

Foi membro do Conselho de Estado, entre 2006 e 2008, tendo ainda sido a primeira mulher portuguesa a chefiar um partido, ao ser eleita, em 2008, presidente do PSD (Partido Social Democrata).

«Em democracia, a plena igualdade de direitos entre homens e mulheres é uma condição básica para o integral desenvolvimento do ser humano, tanto na perspetiva individual como na perspetiva social.» Diário da Assembleia da República, I Série, VII legislatura, n.º 55, p. 2044, 05-03-1999.

«Por isso, considero que a situação das mulheres no mundo contemporâneo, qualquer que seja a sua área de atuação, é um problema fundamental de direitos humanos.» Diário da Assembleia da República, I Série, VII legislatura, n.º 55, p. 2044, 05-03-1999.

«Sr. Presidente, Srs. Deputados: É nesta perspetiva que considero que a participação das mulheres na vida política deverá ser a consequência natural de uma igualdade de facto e não o resultado artificial em que se impõem uma participação igualitária sem que previamente se tenham assegurado as condições reais para que ela se concretize.» Diário da Assembleia da República, I Série, VII legislatura, n.º 55, p. 2045, 05-03-1999.



Maria Alda Nogueira (1923 – 1998)  

Nascida em Alcântara, Lisboa, foi a faculdade que lhe abriu as portas para o mundo da política, apesar da licenciatura em físico-química, matéria que lecionou, e de ter sido aceite para uma bolsa em Paris, para trabalhar com a filha de Marie Curie. Mas a necessidade de fazer parte da vida política do país fez com que abdicasse das ciências para se dedicar ao Partido Comunista e a organizações relacionadas com a emancipação das mulheres: a Associação Feminina Portuguesa para a Paz (AFPP) e o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP). Tornou-se, ainda, militante da Juventude Comunista e, por fim, do Partido Comunista Português, em 1942. Dentro do partido, uma das suas funções foi a mobilização e organização das mulheres comunistas e, em 1957, no V Congresso do PCP, foi eleita para o Comité Central.

Em 1949, passou a viver na clandestinidade, ao serviço do PCP, contribuindo para o jornal Avante! e, dois anos depois, foi presa pela PIDE. Tornou-se, nessa altura, a primeira mulher a ser condenada a tantos anos de prisão (oito anos) por motivos políticos.

Regressou à clandestinidade em 1970. Trabalhou, nessa altura, para a Rádio Portugal Livre, de oposição ao regime. Quando se deu o 25 de Abril de 1974 encontrava-se na Bélgica, regressando no dia 8 de março a Portugal.

Após a Revolução de Abril foi eleita deputada, primeiro da Assembleia Constituinte, em 1975, e, depois, da Assembleia da República, até 1986. Foi presidente da Comissão Parlamentar da Condição Feminina, de 1983 a 1985.

Alda Nogueira morreu a 5 de março de 1998 e a sua memória encontra-se imortalizada no busto que está exposto nos claustros da Assembleia da República.

«Fazer sair esses direitos do papel para a vida, fazer cumprir as leis, a começar pela lei fundamental – a Constituição –, implica por si só a luta diária das mulheres mais conscientes e democráticas do nosso país, luta que é um dos aspetos não menos importantes para a transformação da sociedade.» Diário da Assembleia da República, I Série, IV legislatura, n.º 51, p. 2002, 06-03-1987

«Porque, Sr. Presidente e Srs. Deputados, os problemas das mulheres ultrapassam as fronteiras dos próprios partidos. É que a nossa luta contra a discriminação política e social faz convergir em pontos muito significativos mulheres de vários partidos e mulheres sem partido.» Diário da Assembleia da República , I Série, IV legislatura, n.º 51, p. 2002, 06-03-1987



Maria Barroso (1925 – 2015)

Maria Barroso
[Leg. 8]

Nascida em Lisboa, em 1925, frequentou o Curso de Arte Dramática na Escola de Teatro do Conservatório Nacional. Foi, mais tarde, expulsa do Teatro Nacional e impedida de representar sob a acusação de declamar poesia subversiva, tendo sido interrogada pela PIDE.

Frequentou a Faculdade de Letras, onde conheceu Mário Soares, com quem viria a casar em 1949, por procuração, quando este se encontrava preso por motivos políticos.

Foi por essa altura que lecionou no Colégio Moderno até ser, também, impedida de o fazer, quer no ensino público, quer no privado.

Em 1969, candidatou-se a deputada pela CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática) e, em 1973, foi a única mulher a intervir na sessão de abertura do III Congresso da Oposição Democrática.

Maria Barroso foi, ainda, a única presença feminina na fundação do Partido Socialista, em 1973, na Alemanha. Após o 25 de Abril, foi eleita deputada à Assembleia da República nos anos de 1976, 1979, 1980 e 1983.

Já em 1996, inaugurou a Liga dos Direitos das Mulheres, lutando pelos direitos das minorias, crianças e deficientes, e, um ano mais tarde, assumiu a presidência da Cruz Vermelha, até 2003.

Maria Barroso morreu em 2015 e é hoje lembrada como uma figura de renome da luta pela liberdade durante o regime de Salazar, pelos seus ideais de educação para todos e, ainda, contra a xenofobia, o racismo e a exclusão social dos mais desfavorecidos.

«Claro que a igualdade ainda não é total. Por exemplo, ainda há lugares em que a compensação financeira é inferior. E o acesso aos lugares de decisão é mais difícil do que para os homens. Mas lá chegaremos. Estou convencida de que lá chegaremos.» Ana Soromenho e Isabel Lopes, "As mulheres ficam sempre na sombra". [em linha] [consult. a 15 de fevereiro de 2023]. Disponível em: Expresso | Maria Barroso: "As mulheres ficam sempre na sombra"

«Sei que é uma forma artificial [as quotas], mas é a única que consegue ajudar a transformar mentalidades. Sobretudo a dos homens, para um dia admitirem que as mulheres têm os mesmos direitos.» Ana Soromenho e Isabel Lopes, "As mulheres ficam sempre na sombra". [em linha] [consult. a 15 de fevereiro de 2023]. Disponível em: Expresso | Maria Barroso: "As mulheres ficam sempre na sombra"



Maria de Belém Roseira

[Leg. 9]

Maria de Belém nasceu no Porto em 1949. Licenciou-se em Direito, na Faculdade de Direito de Coimbra, em 1972, exercendo advocacia na área das questões sociais.

Após o 25 de Abril de 1974, integrou, como adjunta, o gabinete da Secretária de Estado da Segurança Social, Maria de Lourdes Pintasilgo.

Foi Ministra da Saúde de 1995 a 1999, no XIII Governo Constitucional, e Ministra para a Igualdade de 1999 a 2000, no XIV Governo Constitucional.

Foi deputada eleita pelo círculo eleitoral do Porto, pelo Partido Socialista (PS), em 1999, na VIII legislatura. Também nesse ano foi eleita Presidente da Assembleia Geral da Organização Mundial da Saúde.

Foi fundadora de diversas associações, incluindo a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima).

Na VIII legislatura (1999-2002) foi vice-presidente do PS e membro da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias nas IX, X e XI legislaturas (2002 a 2011). Também na XI legislatura foi vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS, tendo sido eleita presidente do PS, em 2011, exercendo essas funções até 2014.

«Queremos que a saúde das mulheres entre na agenda política e pública.» Francisco de Almeida Fernandes, Maria de Belém: "Queremos que a saúde das mulheres entre na agenda política e pública" [em linha]. [Consult. em 22 de fevereiro de 2023]. Disponível em: Maria de Belém: "Queremos que a saúde das mulheres entre na agenda política e pública" (expresso.pt) 

«E ao entrarem mais mulheres para a política levou a que tenhamos hoje muitas mais bem preparadas. Além das competências nas suas áreas de especialização ficaram muito competentes para a tomada de decisão na política.» Paula Sá, Maria de Belém Roseira. "As mulheres estavam sempre a ser mais escrutinadas no governo" [Em linha] [Consult. em 22 de fevereiro de 2023]. Disponível em: Maria de Belém Roseira. "As mulheres estavam sempre a ser mais escrutinadas no governo" (dn.pt)



Maria de Lourdes Pintasilgo (1930 – 2004)

[Leg. 10]

Nasceu em Abrantes, em 1930.

O seu percurso académico e profissional foi marcado com momentos de avanços significativos para as mulheres. Primeiro, ao ingressar na licenciatura em Engenharia Químico-Industrial, tornou-se uma de três mulheres no curso, quando muito poucas frequentavam o ensino superior.

Tornou-se a primeira mulher a ingressar os quadros técnicos superiores da Companhia União Fabril (CUF).

Ainda durante o Estado Novo, foi convidada por Marcelo Caetano para se candidatar a deputada à Assembleia Nacional, tendo sido a primeira mulher a exercer funções como procuradora à Câmara Corporativa nas duas últimas legislaturas deste órgão, até abril de 1974. Presidiu, ainda, ao Grupo de Trabalho para a Participação da Mulher na Vida Económica e Social e à Comissão para a Política Social relativa à Mulher (mais tarde denominada Comissão da Condição Feminina).

Em 1975, tomou posse como embaixadora junto da ONU para a Educação, Ciência e Cultura.

Por fim, tornou-se a primeira mulher primeira-ministra em Portugal (segunda na europa, seguindo Margaret Thatcher), a convite de Ramalho Eanes para chefiar o Governo de Gestão de 1979 a 1980.

Foi também a primeira mulher a candidatar-se a Presidente da República, mas, apesar de bem posicionada nas sondagens, não tendo apoio partidário, não foi eleita.

Recebeu inúmeros prémios e foi a primeira mulher a receber a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, em 1981.

«A mobilidade económica e social das mulheres constitui um dos acontecimentos mais importantes do século XX, tendo dado origem a um verdadeiro terramoto cultural no contrato social.» São José Almeida, "Em busca de um novo paradigma" [em linha]. [Consult. em 15 de fevereiro de 2023]. Disponível em: Em busca de um novo paradigma | PÚBLICO (publico.pt)

«Visible and empowered, women will have in their hands the fundamental tools to shape the much needed civilizational change. [Visíveis e com poder, as mulheres terão nas suas mãos as ferramentas para moldar as tão necessárias mudanças civilizacionais].» IV Conferência Mundial das Nações Unidas sobre as Mulheres, Pequim, 4 e 15 de setembro. Disponível aqui  



Maria Manuela Aguiar


[Leg. 11]

Maria Manuela Aguiar nasceu em 1942, em Gondomar. Licenciou-se em Direito. Foi Secretária de Estado do Trabalho (1978-79), no governo chefiado por Mota Pinto, depois Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas (1980-81), no governo de Francisco Sá Carneiro, e Deputada à Assembleia da República, entre 1980 e 2005.

Sempre voz ativa em nome dos emigrantes portugueses, preocupada com os seus direitos e reconhecimento do seu contributo dos países de acolhimento, é num núcleo específico, das mulheres migrantes, que desenvolve o seu trabalho.

Juntamente com outras mulheres, como Maria Barroso, apoiou associações de mulheres, tendo sido uma das fundadoras da Comissão para a Igualdade no Trabalho e Emprego e a Associação Mulher Migrante (CITE).

Foi deputada à Assembleia da República pelos círculos da Europa, de Aveiro e do Porto e, mais tarde, pelo círculo Fora da Europa, em 1995, 1999 e 2002. Foi, pelo PSD, a primeira mulher Vice-Presidente da Assembleia da República, durante a V legislatura (1987-1991). 

«E as mulheres são realmente, como eu disse e repito, os grandes excluídos da nossa democracia.» Diário da Assembleia da República, I Série, VI legislatura, n.º 79, p. 2541, 25-05-1995 

«Julgo ser importante que se fale dos problemas da mulher, mas que deles se fale com serenidade e com seriedade, com a certeza de que é o empenhamento de todos – do Estado, seguramente, mas também da sociedade civil, das organizações sindicais, das organizações de mulheres, dos jovens – que poderá ir resolvendo este problema, pois ele não se soluciona de um dia para o outro.» Diário da Assembleia da República, I Série, V legislatura, n.º 55, p. 1950, 16-01-1982

«[…] repito que fui sufragista lutando pelo direito de voto das mulheres durante os Governos de Salazar e de Marcelo Caetano; deixei de o ser, porém, depois do 25 de Abril, pois hoje a mulher, em matéria de direitos, não nos factos mas em questão de direitos, está realmente em igualdade com o homem.» Diário da Assembleia da República, I Série, II legislatura, n.º 38, p. 1509, 23-03-1990  



Maria Odete dos Santos

[Leg. 12]

Odete Santos nasceu em abril de 1941, no distrito da Guarda. Estudou direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Enquanto advogada, trabalhou com mulheres em situações de divórcio, maus-tratos, condições precárias, muitas vezes pro bono. Tornou-se uma das mais destacadas mulheres da política portuguesa após a Revolução de Abril, filiada no Partido Comunista Português. O papel da mulher na sociedade e as questões relacionadas com o aborto, a saúde das mulheres, a pobreza e as questões sociais foram apanágios da sua luta.

Fez parte do Conselho Nacional do Movimento Democrático de Mulheres, em 1980, onde apelou à igualdade de direitos e de condições laborais e à alfabetização. Foi deputada à Assembleia da República de 1980 a 2006. Assumiu, nesse percurso, funções em comissões parlamentares como a de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, ou a da Saúde, assumindo sempre a proteção das mulheres, sobretudo, em casos de violência doméstica e interrupção involuntária da gravidez.

«O 8 de Março significa, ao fim e ao cabo, reivindicar que se continue a dar voz, e uma voz cada vez mais alta, às mulheres.» Diário da Assembleia da República, I Série, VII legislatura, n.º 47, p. 1590, 12-03-1998

«Assim, o problema feminino é um problema de direitos humanos, que só conhecerão a plena realização com uma verdadeira democracia; não é um problema de seres com cabelos compridos, porque há seres calvos que têm muito menos dentro da cabeça do que as mulheres de cabelos compridos.» Diário da Assembleia da República, I Série, VII legislatura, n.º 30, p. 1123, 19-12-1998

«Ora, as mulheres, Sr. Presidente e Srs. Deputados, não tiram hoje cursos, como dantes aprendiam francês e piano para preencher a ociosidade da casa a que estavam remetidas. As mulheres acedem ao conhecimento para, através dele, contribuírem para o progresso que é o melhor esteio dos que lutam contra a discriminação, pela democracia política, económica, social e cultural.» Diário da Assembleia da República, I Série, VII legislatura, n.º 47, p. 1590, 12-03-1998



Natália Correia (1923 – 1993)

[Leg. 13]

Nascida em 1923, foi poetisa, dramaturga e jornalista. Uma das vozes da literatura portuguesa, sempre expressou o seu desagrado em relação ao regime do Estado Novo, tendo apoiado a candidatura de Humberto Delgado e manifestado publicamente a sua amizade com Francisco Sá Carneiro.

Sujeita a julgamento pela sua Antologia de Poesia Erótica, foi condenada a pena suspensa. Para a escritora, a literatura tinha teor de intervenção, quer nos seus projetos literários, quer nos debates políticos. A emancipação feminina foi sempre um tema de clara preocupação, tendo participado em inúmeras iniciativas e debates sobre as diferenças sociais e a falta de representação das mulheres na sociedade. O programa televisivo "Mátria", de caráter feminista, ou «matricista» como gostava de o apelidar, sublinhava a liberdade íntima da mulher e o seu papel na sociedade.

Natália Correia, cujo centenário do nascimento é celebrado pela Assembleia da República no presente ano, é, sem dúvida, um dos nomes maiores da luta feminina. Morreu em 1993.

«Silêncio e respeito pelo Dia Internacional da Mulher!» Natália Correia, Natália Correia, Diário da Assembleia da República, I Série, V legislatura, n.º 60, p. 2080, 09-03-1988

«Não interrompa, Sr. Deputado. Hoje, só a mulher é que tem aqui voz. Cale-se!» Natália Correia, Diário da Assembleia da República, I Série, V legislatura, n.º 9, p. 1758, 09-03-1989

«Há que recordar este património cultural da criação feminina no Dia Internacional da Mulher porque é no campo da cultura que a mulher, com mais brilho e persuasão, manifesta os dons intelectuais que lhe dão plena autoridade para dispor de um estatuto que contemple os apelos da sua subjetividade, o valor do seu intelecto, da sua criatividade e da sua dignidade social, ainda desconsiderada no mundo do trabalho numa situação salarial qualificativa de desigualdade.» Natália Correia, Diário da Assembleia da República, I Série, II legislatura, n.º 62, p. 2612, 10-03-1982

«Como esquecer, porém, que a nossa sociedade é residualmente misógina, nomeadamente a nível da administração da res publica, onde a omissão da presença feminina contrasta aberrantemente com o grande impulso que as mulheres dão às letras e às artes do nosso país.» Natália Correia, Diário da Assembleia da República, I Série, II legislatura, n.º 62, p. 2612, 10-03-1982



Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 – 2004)


[Leg. 14]

Sophia nasceu no Porto, em 1919. Em 1937, ingressou no curso de Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Quando conheceu Francisco Sousa Tavares juntou-se à luta contra o regime de Salazar. Apoiou a candidatura de Humberto Delgado, em 1958, e teve em Mário Soares e em Maria Barroso, amigos para a vida.

Em 1965, tornou-se presidente do Centro Nacional de Cultura e assinou o Manifesto dos 101 Católicos. Quatro anos depois foi candidata a deputada, juntamente com o marido, pela CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática), considerado o início do Partido Socialista. Nesse mesmo ano constituiu-se a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos (CNSPP), de que foi membro.

Após o 25 de Abril, foi eleita deputada à Assembleia Constituinte. A 2 de agosto de 1975 fez a sua primeira intervenção parlamentar e participou na Comissão para a Redação do Preâmbulo da Constituição, à qual presidiu, em 1976. Na verdade, Sophia foi uma das apenas cinco mulheres eleitas. A sua grande preocupação durante a sua breve permanência no Parlamento foi a educação, a cultura e a criação artística. Esteve, juntamente com tantos outros, no Parlamento na altura do histórico cerco à Assembleia, a 12 de novembro de 1975, onde, após ser libertada, respondeu: «Fascista, eu?».

Recebeu o prémio Petrarca da Associação de Editores Italianos. Em 1999, foi a primeira mulher portuguesa a receber o Prémio Camões.

Sophia morreu em 2004 e, em 2014, recebeu honras de panteão nacional. 

«Para mim o machismo não é considerar que há uma diferença entre o homem e a mulher, o machismo é tentar fazer um negócio dessa diferença […]. Os feminismos são teorias. Eu acho que a teoria na nossa época tem desempenhado um papel terrível na política, tem desempenhado um papel terrível na arte, e também na vida… A vida tem sido muito sacrificada à teoria…» Entrevista de Maria Armanda Passos e três poemas inéditos,

Jornal de Letras, 16 de fevereiro de 1982. Disponível aqui


Ver também página dedicada a Carolina Beatriz Ângelo



[Leg. 1]  [A Deputada Assunção Esteves coloca o voto na urna na Sessão de Abertura da XII legislatura]
Foto de Luís Saraiva, 2011-06-21
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, GAR 00447/2011


[Leg. 2] Doutora Carolina Beatriz Ângelo, a 1ª eleitora portuguesa in "A Mulher e a Criança", revista mensal, Ano II, nº 24, Maio de 1911
Reprodução do Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, PT-AHF/MUS/i411 


[Leg. 3] Deputada Helena Roseta no uso da palavra em Cerimónia na Biblioteca Passos Manuel]
Foto de André Durães, 2019-06-06
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, GAR 06119/2019


[Leg. 4] [A Deputada Heloísa Apolónia usa da palavra a partir da Bancada do PEV durante a Apresentação do Programa do XVII Governo Constitucional]
Foto de Luís Saraiva, 2005-03-21
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, GAR 00181/2005


[Leg. 5] [A Vice-Presidente da Assembleia da República, Deputada Leonor Beleza a intervir na Conferência "A Reforma do Estado Democrático e a Reforma do Parlamento"]
Foto de Luís Saraiva, 2002-10-24
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, GAR 02375/2002


[Leg. 6] A Deputada Manuela Ferreira Leite coloca o voto na urna na Sessão de Abertura da XI legislatura]
Foto de Ana Luísa Silva, 2009-10-15
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, GAR 03954/2009


[Leg. 7]  [Alda Nogueira no Comício do Partido Comunista Português realizado no Pavilhão dos Desportos]
Foto de Miranda castela, 1975
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, MC 01394


[Leg. 8]  [A antiga Deputada Maria Barroso a votar]
Foto de Fernando Ricardo, S/d
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, FR 00111


[Leg. 9]  [A Deputada Maria de Belém Roseira usa da palavra na Sessão Solene Comemorativa do 25 de Abril]
Foto de Luís Saraiva, 2007-04-25
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, GAR 04157/2007


[Leg. 10] [A Deputada Maria de Lurdes Pintassilgo [Posse do I Governo Provisório]
Foto de Miranda Castela, 1974-05-16
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, MC 00477


[Leg. 11] [A antiga Deputada Maria Manuela Aguiar usa da palavra na Biblioteca Passos Manuel]
Foto de Sandra Ribeiro, 2022-05-26
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, GAR 08625/2022


[Leg. 12]  [Deputada Odete Santos na Cerimónia "Poemas de Abril no Parlamento"]
Foto de Luís Saraiva, 2014-04-23
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, GAR 04647/2014


[Leg. 13] Deputada Natália Correia]
Foto de Eduardo Gageiro, s/d
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, DE 00322

 

[Leg. 14] [Deputada Sophia de Mello Breyner na Bancada do PS durante os Trabalhos da Assembleia Constituinte]
Foto de Inácio Ludgero, 1975
© Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, DE 00333